segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SEXTA ECONOMIA DO MUNDO!

Isso não é motivo para pensarmos, arrogantemente, que está tudo uma maravilha ou mesmo que aqui se vive melhor do que no Reino Unido, porque nada disso é verdade. Existe um longo caminho pela frente e parte dessa "ultrapassagem" se deve à crise que atinge o Velho Mundo. Mas que é gostoso ver o Brasil trilhando o seu caminho natural de desenvolvimento, após tantos anos brecado pelo ciclo de inflação-recessão-neoliberalismo, ah, isso é.

Leia aqui a notícia publicada (sem muito destaque, é óbvio) no G1. Na mesma, existe um pequeno erro de ordem de grandeza. O nosso PIB deve atingir U$ 2,4 trilhões, e não bilhões como publicado pela Globo. Um pequeno lapso, é claro. Aqui você pode ler o número correto.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MEIO AMBIENTE SE PRESERVA COM INTELIGÊNCIA

Notícia interessante do portal Inovação Tecnológica:

Grandes navios voltam no tempo para ficarem mais verdes: Para consumir menos combustível e poluir menos, os gigantescos navios de carga poderão ficar mais parecidos com seus antepassados.

Um conto de Natal

Dos muitos que recebi, selecionei este para vocês, mais uma pérola publicada no Tijolaço:

João Getúlio

Um conto de Natal

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SÓCRATES: O LEGADO QUE (AINDA) NÃO FICOU


Sócrates, Brasileiro muito mais do que no nome, até os últimos dias de sua vida lutou pelas causas em que acreditava (veja aqui sua última coluna na revista Carta Capital). Na sua maioria, foram lutas inglórias. A Democracia Corintiana é apenas uma recordação romântica. Não se consolidou no clube em que surgiu e não se propagou para qualquer outro. A consciência política e social dos jogadores de futebol continua uma lástima, apesar de haver aqui e ali algumas boas iniciativas (uma delas, a Fundação Gol de Letra, tem como um de seus fundadores o também ex-jogador Raí, irmão do Doutor).

Coração de Brasileiro
 Como Darcy Ribeiro, perdeu a maioria de suas lutas, mas teria vergonha de estar ao lado dos que o venceram. Como Raul Seixas, pareceu nunca se ajustar bem a esse nosso mundo estranho e acabou sucumbindo às consequências da terrível doença do alcoolismo.

Haverá um legado do Doutor? Para este blog, sim e não. As palavras e atitudes do Magrão estão na História e poderão servir de exemplo à geração atual e às futuras. Porém, hoje o panorama está muito distante daquele que o craque almejava. O futebol sempre teve mazelas e talvez nunca tenhamos tido tanta consciência delas. O país avançou bem mais do que o futebol, mas ainda carrega marcas terríveis de violência e desigualdade.

Uma grande homenagem a Sócrates será tornar o mundo do futebol mais limpo e uma oportunidade está aí, com as mobilizações populares em torno da Copa e das Olimpíadas. Um bom começo se deu, curiosamente, no mesmo dia de sua morte: o terrivelmente longevo João Havelange renuncia ao COI em meio a denúncias de recebimento de propinas.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A MÍDIA VIRA AS BATERIAS PARA A PETROBRAS. E PAGA MICO DE NOVO.


Acontece com todo mundo. Você comete uma gafe, algo como uma frase infeliz, tipo "Não sei onde vou sentar!" e imediatamente vai parar na berlinda, sendo zoado(a) por todos que te conhecem. O que você faz? Ou fica quieto(a) e espera a onda passar ou escolhe outra "vítima" para sair do foco, manobra que muitas vezes só piora a situação.

A grande mídia brasileira fez agora algo parecido. Apanhada em flagrante e imperdoável omissão no caso do vazamento no campo de Frade, resolveu atacar a Petrobras como quem diz: "Vocês estão reclamando da Chevron? A Petrobras é pior!"

Pausa. Como assim?

Imagine agora que você tem um botequim, daqueles bem modestos, onde trabalham três pessoas incluindo você. Aí, na hora de fazer umas compras para o estabelecimento, você descobre que durante o ano de 2010 foram quebrados 50 copos de cerveja. Foi muito ou pouco? Então você liga para um(a) gerente de uma rede de botecos, como o Belmonte, que tem 7 filiais no Rio e serve rios de chope todos os dias, e ele ou ela informa que lá (pura hipótese) se quebram 50 copos por semana. Então você fica feliz e comenta: "Estamos muito melhores que o Belmonte, re, re.".

Achou essa comparação idiota? Pois foi exatamente o que fez O Globo ao afirmar, literalmente: "Petrobras derramou em 2010 quase dobro de óleo da Chevron".

A Chevron produz, no Brasil, 79.000 barris de petróleo por dia (bpd). "Quase igual" à Petrobras com seus 2.600.000 bpd. Se esta vazou 4.200 barris, como diz a "reportagem", isso significa um índice de 0,0016 (4.200 : 2.600.000). Com os 2.400 barris desse único vazamento a Chevron alcançou um índice de 0,030, ou seja, quase 20 vezes maior que o da empresa brasileira! Isso sem contar que a Chevron não refina no Brasil, enquanto a Petrobras tem 12 refinarias, além de uma extensa rede de terminais e dutos.

Nada disso significa que a Petrobras não deva - porque deve - trabalhar forte para reduzir os impactos que suas atividades causem ao meio ambiente, entendendo que esta é uma luta sem tréguas e cuja única meta deveria ser a utopia do impacto zero.

A mídia pode e deve exigir da Petrobras o máximo empenho na proteção do meio ambiente. Mas sem essas manipulações grosseiras típicas da imprensa marrom.

Uma análise mais detalhada está no Tijolaço, onde desde o início se encontra a melhor cobertura deste acidente. Nele pode ser visto também um mea culpa da Folha.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

O VAZAMENTO EM FRADE E A MÍDIA


O blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto e do jornalista Fernando Brito, deu uma aula de jornalismo e, mais ainda, de honestidade ao investigar o vazamento de petróleo em Frade, campo da Bacia de Campos (ver também um texto anterior deste blog). Como já é bem conhecido, o campo é operado pela Chevron, que tentou de todas as formas ocultar a ocorrência e contou com o beneplácito de uma mídia preguiçosa e comprometida. Fosse da Petrobras o vazamento e teríamos até o Ricardo Molina analisando as fotos de satélite.

Agora o PIG já sabe.


É importante ler esta entrevista concedida pelo Brito ao Viomundo, onde ele mostra como andou essa carruagem. Vocês verão que este foi um exemplo claro do comportamento dos grandes órgãos de imprensa e de como, a partir do advento da blogosfera, iniciou-se uma verdadeira guerrilha de informações na qual você está envolvido, goste disso ou não. Um jornalista brasileiro e um geólogo estadunidense, em contato via web, foram capazes de furar toda a grande mídia nacional.



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O LUPI NÃO É O QUE DIZEM


Eu nunca morri de amores pelo Lupi, por não simpatizar muito com políticos mais de gabinete do que de voto. Lupi é um desses caras de partido, que ascendeu na política menos pelo voto popular e mais pela ascensão que conquistou dentro do PDT. Dentro da divisão de poderes do Governo Lula foi nomeado Ministro do Trabalho e do Emprego, num reconhecimento ao Trabalhismo como força importante que se somava àquela composição. Foi mantido por Dilma e agora é a bola da vez da mídia, que tenta demolir um a um os membros do atual ministério. Aliás, meus 19 leitores e trezentos e tantos amigos de facebook sabem que este blog aplaudiu a queda de alguns, como o insuportável Johnbim e o vacilante Agnelo, bem como achou que ficou barato o mero chega-prá-lá dado no apagado Luís Sérgio. Mas vimos também o quanto a Ana de Hollanda foi atacada logo que assumiu, tendo resistido bravamente, e como batem no Fernando Haddad por causa do ENEM que vem detonando a indústria dos vestibulares.

Eu peço a vocês que leiam o depoimento divulgado no Conversa Afiada. É parcial, sim, pois é da jornalista Ângela Rocha, esposa do Lupi. Mas é um texto eivado de sinceridade, emoção e aquela força que só se encontra em quem diz a verdade. Duvidem se quiserem, é o seu direito. Mas por favor leiam primeiro. O link é esse abaixo.

A carta da mulher do Lupi. Ou o PiG é um nojo ! | Conversa Afiada

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

FORÇA, LULA!

Não perdeu a simpatia.

ALÔ, PIG! E SE FOSSE A PETROBRAS?

O questionamento do título não é de minha lavra, foi do Brizola Neto e diz respeito ao vazamento de óleo do poço da Chevron na Bacia de Campos, província de onde aliás escrevo neste momento (no meu horário de descanso, tá, pessoal?).

Do Blog Sky Truth
 
A mídia está que é uma calma só. Se esse óleo viesse de um poço operado pela Petrobras, como vocês acham que seria a cobertura? Abaixo, o link para o Tijolaço:

Especialista: derrame de óleo pode ser 10 vezes maior

terça-feira, 15 de novembro de 2011

RECORDE DE ACIDENTES AÉREOS


O CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea Brasileira, divulgou relatório mostrando índice recorde de acidentes aéreos no Brasil de janeiro a outubro deste ano. Não pode haver pressa nas investigações, mas é necessária máxima eficiência nas mesmas, pois as medidas para corrigir essa situação não podem tardar. Se, por um lado, isso possa ser um reflexo sinistro do crescimento da economia - mais voos, mais ocorrências - por outro aponta a importância do trabalho de segurança de voo, que compreende dentre outras atividades a manutenção das aeronaves, o treinamento dos pilotos e a tecnologia de controle do tráfego aéreo.

Aeronáutica contabiliza número recorde de acidentes aéreos de janeiro a outubro | Agência Brasil


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ROYALTIES: ESTÁ ERRADO E PODE PIORAR


Uma das matérias mais lúcidas sobre esta questão é esta do Jornal do Brasil.

Foto: Paulo Alvadia (R7)

Assisti a uma entrevista onde um deputado do Piauí reclamava, com certa razão, que não tem cabimento que a cidade de Campos obtenha uma receita maior em Royalties e Participações Especiais (R&PE) superior à que TODOS os munícípios de seu estado auferem a título do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Contudo, é correta a argumentação de que o Estado do RJ é garfado quando o assunto é a distribuição de tributos. Em termos simples, o RJ recebe muito menos do que arrecada. Isso seria até justo considerando a necessidade de equilíbrio federativo, mas o mesmo argumento do deputado piauiense - de mau uso das receitas tributárias, principalmente por municípios como Campos e Macaé - se aplica perfeitamente aos Estados mais pobres da Federação, onde não raro oligarquias supercorruptas mamam todos os recursos e deixam o povo na miséria. Logo, pulverizar a grana dos R&PE pelo país não resolverá os problemas do modelo atual e ainda criará outros.

O problema não é quem fica com o dinheiro, mas para que esse dinheiro deve ser destinado. A cura para a "maldição do petróleo" é vincular as receitas de R&PE a investimentos em Educação, Ciência, Tecnologia e Infraestrutura, fazendo com que essa riqueza transitória produza ganhos permanentes. O modelo atual mostra sua face mais estúpida em Macaé, uma das piores qualidades de vida do Brasil. Não se consegue mudar a realidade política porque as oligarquias locais não permitem.

Esse é o verdadeiro debate, obliterado pelas lideranças de ambos os lados, interessadas apenas em ter o controle da grana. Quando os brasileiros gritamos "O PETRÓLEO É NOSSO!", nos referimos aos benefícios que almejamos com esse recurso mineral, que passam muitas vezes a uma distância enorme daqueles que muitos políticos defendem.


SUPER ÉZIO


VALEU, CARA!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: QUEM MATOU O CINEGRAFISTA?


Não tenho a menor dúvida em apontar como responsável direto pela morte trágica do repórter cinematográfico Gelson Domingos o seu empregador, a TV Bandeirantes. Trata-se situação semelhante à que ocorreu com Tim Lopes, nesse caso com o agravante de que a presença de jornalistas em zonas de tiroteio durante os mesmos vem sendo uma rotina nas coberturas de todas as emissoras. Ou seja: demorou para acontecer.

Gelson Domingos da Silva

A defesa dos órgãos da mídia vem sendo a mesma: "um atentado à liberdade de imprensa". Uma ova! Quer dizer que faz parte da "liberdade de imprensa" expor trabalhadores a um tiroteio? Eu trabalho numa plataforma de produção de petróleo, uma atividade de risco. Para todas as nossas tarefas temos procedimentos escritos, e tudo que foge à rotina é objeto de uma análise preliminar de perigos. São tomadas medidas para reduzir os riscos a um nível aceitável - risco zero não existe - sendo garantido ao trabalhador o direito de recusa caso não considere as medidas de controle suficientes. Uma condição sine qua non para a realização do trabalho é de que os equipamentos de proteção sejam compatíveis com os perigos envolvidos.

O fato de que o colete usado fosse  o "mais resistente permitido para uso civil", e que este resiste apenas a tiros de armas leves, aponta claramente que os jornalistas não poderiam estar ali! Ou é alguma surpresa de que traficantes entocados numa favela estejam armados com fuzis?

Em 1973 assisti na TV à notícia de que um cinegrafista filmara sua própria morte. Era o argentino Leonardo Henrichsen, assassinado por um militar chileno durante os conflitos que se seguiram ao golpe que derrubou o presidente Salvador Allende. De lá para cá a maioria dessas mortes se deu em zonas de guerra, ma as TVs brasileiras transformaram os tiroteios urbanos em "campeões de audiência", colocando jornalistas nas zonas de confronto, até atrapalhando a ação policial. Riscos completamente desnecessários.  Não precisamos de tantos detalhes. Podem colocar câmeras nas viaturas policiais, filmar a distância, utilizar blindados, sei lá. Não podem é colocar jornalistas na linha de tiro rezando para que não sejam atingidos.

Eu ia colocar aqui no blog o vídeo que mostra o confronto e o momento em que Gelson foi atingido. Desisti. Não devemos ficar consumindo essas imagens.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: A USP, A PM E A MACONHA


Nesses episódios relacionados com os recentes conflitos na USP vemos as mais disparatadas análises. Li, em meio a legítimas manifestações de membros da comunidade uspiana, um texto algo exagerado de um articulista do Papo de Homem (saite que curto bastante) e um "belíssimo" exemplo de febeapá proporcionado pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos que insistem em tratar os usuários de maconha como personagens inocentes da violência do tráfico.

Paulo repete um velho argumento ao atribuir a violência exatamente à proibição, numa anacrônica analogia com a "Lei Seca" dos EUA, que deu enorme fôlego à Máfia. Como muitos desses teóricos, ele provavelmente não percorre as ruas. Se o fizesse, veria que númeras atividades lícitas são hoje foco de organizações criminosas. Apenas como exemplo, peguemos o "transporte alternativo": o fato de ser legalizável não impede que seja dominado por criminosos, gerando extorsão, assassinatos e acidentes. O mesmo aconteceria com a maconha: com quem os usuários comprariam? Na farmácia, com receita e impostos, ou ali na esquina com o cara do "movimento"? Já imaginaram quantos assaltos às lojas e aos que transportassem a droga "legal"?

A realidade é simples: o usuário, a não ser o que tenha umas plantinhas no quintal para consumo próprio, põe grana na mão do bandido que vai ali na frente matar um inocente. É cúmplice dessa barbaridade toda. Por mim, deveria ser detido, multado dentro das suas possibilidades e encaminhado para tratamento compulsório.

Agora, é evidente que a PM patrulhando uma universidade desperte os "anticorpos" que muitos temos contra as arbitrariedades desta instituição e também dos períodos ditatoriais. Mas o campus da USP, como o da UFRJ na Ilha do Fundão, é uma área imensa, onde há registro de assaltos, estupros e homicídios há anos. Não há como proteger os estudantes, trabalhadores e demais transeuntes sem o apoio da força policial pública. Se a PM é despreparada, muito piores são as empresas de vigilância privada. As tensões naturais entre os membros da comunidade universitária e a polícia devem ser aliviadas com muita conversa e sem preconceito, o que é difícil, mas enfrentar desafios é o que se espera de pessoas de alto nível como a elite acadêmica de nosso país.

E é claro que o governo paulista não é flor que se cheire e tem certamente intenções subalternas com esse policiamento, mas outra vez afirmo que cabe à comunidade universitária vencer esse desafio e derrubar os muros que impedem o diálogo com os policiais. Errado é tratar a defesa de alunos que puxavam fumo na campus como uma bandeira contra a repressão. Quem diz que o maconheiro não incomoda fala besteira. Ele tá ali quieto, mas em algum lugar um traficante tá metendo bala em alguém por causa da grana que ele injetou no sistema.

Como petroleiro eu tive mais de uma experiência de situações tensas envolvendo a PM, sempre chamada para reprimir nossos movimentos reivindicatórios. Até ocupação do Exército tivemos. Mas muitas vezes conseguimos "quebrar o gelo" com os caras e estabelecer uma coexistência pacífica. É, às vezes não deu e a porrada estancou. Só que, num campus universitário, onde muitos daqueles militares gostariam de estudar, creio que existe uma grande oportunidade de aproximação - algo totalmente revolucionário!




segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MARCELO, QUE DEUS TE PROTEJA!

A reportagem do Jornal do Brasil abaixo trata do exílio a que se vê obrigado o deputado estadual fluminense Marcelo Freixo (PSOL).

Jornal do Brasil - Rio - Ameaçado de morte, deputado Marcelo Freixo deixará o país nesta terça-feira

Ontem, quando ouvia no rádio do carro a inesquecível "Vai Passar" do gênio Chico Buarque, lembrava com minha mulher da felicidade expressa naquele samba . Era um tempo de alegria: a ditadura agonizava, logo teríamos eleições diretas, uma nova Constituição seria escrita e viveríamos uma nova era. Já se vão 27 anos do lançamento dessa música e sem dúvida o Brasil melhorou. Só que não conquistamos o Estado de Direito. Nossas vidas não valem um níquel. A criminalidade se espalhou como metástase pelas instituições, e não há uma só delas em que possamos confiar plenamente.

Marcelo Freixo e seus seguranças.

Todos sabíamos que Freixo vem sendo ameaçado não é de hoje, e que não estaria ainda vivo sem um forte esquema de segurança. Mas a sua necessidade de se exilar, ainda que temporariamente, indica o quanto permanecemos distantes daquela "vida boa". Embora nosso governo estadual tenha avançado na retomada de territórios dominados por organizações criminosas (de traficantes, não de milicianos), não parece ter feito qualquer progresso em transformar as polícias em instituições realmente confiáveis. É claro que se trata de uma tarefa hercúlea. É claro que as coisas não mudarão de repente. Mas há ações que são elementares e não estão acontecendo.
 

YES, THEY CAN!


EUA castigam Unesco por aceitar palestinos

O link acima leva à matéria do Tijolaço. Assim, o governo Obama acumula uma decepção após a outra. Barack pode até repetir Carter e não se reeleger, mas até o momento está muito distante da estatura do sorridente ex-presidente dos EUA.

Aliás, se quiserem saber o que anda fazendo Jimmy Carter, leiam esta interessante reportagem de Carta Capital.


QUE SE MATEM!

O link abaixo é do blog Diário Não Oficial:

Diário Não Oficial: GLOBO PROCURA UM SUCESSOR PARA RICARDO TEIXEIRA (C...: Segundo fontes que tem acesso aos bastidores do mundo ‘futebolístico’, as Organizações Globo estão numa situação delicadíssima em relação...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

SEGUE A FAXINA!


O que é o PCdoB? Não vou aqui entrar naquela discussão sobre qual seria o "verdadeiro" Partido Comunista. O Terceiro Segredo de Fátima é muito menos polêmico. Gosto muito da Jandira Feghali, mas até o PMDB tem quadros bacanas, como o Pedro Simon. Bem, para mim o PCdoB há muito tempo não passa de um satélite do PT, sem qualquer luz própria (tá, com exceção da Manuela D'Ávila...). Fez da UNE seu feudo, com um complicado sistema eleitoral que torna quase impossível a alternância de poder na entidade.

A matéria do Conversa Afiada (no link abaixo) evidencia que o Ministério do Esporte estava sendo tratado de maneira semelhante: mais um feudo dos "comunistas". Assim escrevo em respeito àqueles e àquelas que bravamente sacrificaram tudo, inclusive as próprias vidas, em nome do ideário simbolizado pela foice e martelo.

Esporte: PF poderia ter uma conversinha com a Magic Paula | Conversa Afiada

Agora mesmo (são 17h40 em Brasília) o noticiário informa a saída de Orlando Silva do Ministério. O problema não é trocar o ministro. É mudar a gestão. Mais importante, não deixar a CBF meter a colher. Eu venho defendendo a indicação do José Trajano, mais como uma espécie de anticandidatura. Que tal a Magic Paula?

Que ia ser divertido tê-lo no Ministério, ah, ia...
Com toda a fumaça gerada com essa confusão envolvendo o ME, foi desviado o foco do depoimento de Andrew Jennings no Senado Federal (ver nota aqui). Quanta coincidência...






domingo, 16 de outubro de 2011

E EU QUE JÁ GOSTAVA DO TOYNBEE...


Excelente texto do Mauro Santayana no qual ele analisa os atuais desvarios do governo dos EUA. Eu não conhecia o raciocínio do historiador Arnold Toynbee, onde o autor de A Humanidade e a Mãe Terra postula que os impérios declinam quando o seu próprio proletariado se alia com seu equivalente nos povos colonizados.

 
É bom levar Toynbee a sério. Não raro ele fez boas análises e previsões, dentre elas a do fim da URSS.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SIGAM O DINHEIRO...

Quero ver puxarem esse fio até o fim.

Altamiro Borges: Demissão na Siemens apavora tucanos: Por Altamiro Borges Sem manchetes nos jornalões ou estardalhaço da TV, a mídia demotucana noticia hoje que a multinacional alemã Siemens d...

TAMBÉM QUERO SABER

Do blog NaMariaNews:

NaMaria News: CartaCapital quer saber: Por que só a Veja, Época ...: No dia 13 de setembro passado, o NaMariaNews publicou em primeira mão o texto Alckmin: 9 milhões pela fidelidade da 'Proba Imprensa Glorios...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A BLACK MUSIC ESTÁ SALVA!



Há vários anos que eu temia pelo pior. A cada visita que fazia, o quadro parecia mais tétrico. Decadência total. Falo da chamada "black music", aquela da Motown & Cia. Com o envelhecimento ou morte dos ídolos de antanho, eu esperava pelos novos e... Caramba! Quando não eram os rappers com suas letras misóginas e ridículos clips tipo "carrão, ouro e bundas", vinham aquelas cantoras da linha "Dreamgirls" pensando que toda  música precisa de um agudo de quebrar taça, seguidas do estilo "soft bitch" de Rihanna, Beyoncé e outras. Uma lástima.

Aí a esperança veio de um lugar inesperado. Amy Winehouse, branca, inglesa e infelizmente predestinada a ser uma outra Billie Holiday, vivendo a metade do tempo desta - coisa destes tempos acelerados.

Joss Stone
Outra estrela surge, também inglesa e branca, voz que lembra Janis Joplin e, graças a Deus - ao que parece - com a cabeça no lugar: Joss Stone. Consigo o ingresso para o Rock in Rio no dia do seu show, onde teria a alegria de ver o Monstro da Soul Music - Stevie Wonder, e também o "Earth Wind and Fire" inglês - Jamiroquai.

Janelle Monáe

E sou surpreendido, não por Joss, maravilhosa, nem pelo Jamiroquai, demais, nem mesmo por Stevie, que deu um show ES-PE-TA-CU-LAR, mas pela incrível Janelle Monáe, 25 anos, que ARREBENTOU! Uma apresentação sensacional. Tudo de bom. Vendo na mesma noite a excelente performance de Stevie (que chamou Janelle para uma participação em seu show), seus grandes "discípulos" do outro lado do Atlântico e essa menina incrível, creio que posso respirar aliviado e dizer: a Black Music está salva!

P.S.: há alguns anos a nossa principal black music, o samba, parecia sofrer do mesmo mal, com a insuportável onda de pagodeiros. Mas a "Geração Lapa" mostrou que havia coisa boa surgindo.




OPINIÃO DO BLOG

NUNCA O RACHA FOI TÃO GRANDE!


Amélia? Você conhece alguma que ganha U$ 45 MM por ano?


Tendo acompanhado e discutido via FB a recente polêmica envolvendo o comercial da Hope (aqui), com a Gisele Bünchen mostrando o modo "certo" e o "errado" de dar certas notícias ruins ao marido, vi que o principal objetivo da campanha foi atingido: tá todo mundo falando do comercial, o que certamente é ótimo para o anunciante.

Outra constatação é que o pessoal ainda não aprendeu a lidar com certas polêmicas: querer tirar o comercial do ar é exagero! Caramba, num país onde se permite comercial de bebida alcoólica (quase sempre com lindas mulheres, é claro!), medicamento e um monte de porcaria de qualidade mais que duvidosa, é um disparate fazer isso com a propaganda da Hope!

Agora, discutir os conceitos ali embutidos sim, acho válido e necessário. Mas, em se tratando de comerciais onde estão implícitas ideias preconceituosas com relação à mulher, a lista da "censura" teria que ser bem maior! Alguém já prestou atenção naquela peça horrorosa do "Veja Panos Umedecidos"? A mulherada fica eufórica por causa de um guardanapo molhadinho com produto de limpeza! Todo mundo grita "Uhuu!", como se isso fosse uma grande conquista! Sobre este comercial em particular (que integra a série "Neura", sem dúvida uma boa sacada) eu poderia enumerar as seguintes observações:

1. Prestando bem atenção (vídeo aqui) parece que todas as mulheres que aparecem no comercial são brancas ou morenas claras, nenhuma é obesa, têm idade entre 25 e 40 anos, ou seja, pertencem ao "universo" restrito de tipos sociais e femininos considerado "médio" ou "de interesse" pela agência criadora.
2. A casa, para variar, é de classe média, provavelmente quem vai ter grana pra comprar o produto. O chão é tão brilhante que qualquer coisa limparia!
3. Por que não aparecem homens? Homem deixa tudo sujo? Homem não limpa a casa?
4. Sem implicância, porque "uhu" e não "urrú"?

Então, esta e outras campanhas similares são tão ou mais preconceituosas que a da Hope. O papel da mulher é sempre o de dona de casa e mãe; o homem é um provedor; os filhos sujam tudo e nunca ajudam em nada! Bem, graças a Deus aqui em casa é bem diferente. Aliás, sou cercado de mulheres MUITO distintas desse perfil que os comerciais desse tipo adoram, e dou meu testemunho de que, além de não gostar desse estereótipo, elas não costumam se dar muito bem com aquele tipo de mulher. As mulheres nunca foram uma classe muito unida, mas acho que nunca o racha foi tão grande!

Mais sobre essa polêmica:
Carta Capital - http://www.cartacapital.com.br/sociedade/gisele-bundchen-e-o-sexismo
Escreva Lola Escreva - http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/10/o-maridao-bateu-meu-carro-de-novo.html
Náufrago da Utopia - http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2011/10/os-publicitarios-sao-filhos-de-goebbels.html
Cinema & Outras Artes - http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/2011/10/bundchen-e-o-comercial-machista.html




quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EM NOME DA PAZ




Esta é uma tradução minha do texto do pacifista judeu israelense Uri Avnery publicada originalmente aqui. Tantos reclamam das versões "de esquerda" sobre a questão palestina. Quero ver contestarem esta.


TRISTE E FELIZ


Uri Avnery, 17/09/11


"Este vai ser o dia mais feliz da sua vida?" Um entrevistador local me perguntou, referindo-se ao próximo  reconhecimento  do Estado da Palestina pela ONU.

Eu estava tomado de surpresa. "Por que seria isso?", perguntei.

"Bem, por 62 anos você tem defendido o estabelecimento de um Estado Palestino ao lado de Israel, e aí está!"

"Se eu fosse um palestino, provavelmente estaria feliz", eu disse: "Mas, como israelense, estou um pouco triste."

DEIXA-ME explicar.


Eu saí da guerra de 1948 com quatro sólidas convicções:

1.       Existe um Povo Palestino, embora o nome da Palestina tinha sido varrido do mapa.
2.       É com esse Povo Palestino que devemos fazer a paz.
3.       A paz será impossível a menos que os palestinos tenham permissão para estabelecer o seu Estado ao lado de Israel.
4.       Sem paz, Israel não será o Estado Modelo com que sonhávamos nas trincheiras, e sim algo muito diferente.

Enquanto me recuperava das feridas, ainda de uniforme, me encontrei com vários jovens, árabes e judeus, para traçar o nosso rumo. Éramos muito otimistas. Tudo parecia possível.

O que estávamos imaginando era um grande ato de confraternização. Judeus e árabes lutaram valentemente uns contra os outros, cada um lutando por aquilo que considerava seu direito nacional. Agora era chegada a hora da paz.

A idéia de paz entre dois valentes lutadores após a batalha é tão antiga como a Cultura Semita. No épico escrito há mais de 3000 anos atrás, Gilgamesh, rei de Uruk (no Iraque de hoje) luta contra o selvagem Enkidu, seu igual em força e coragem, e após essa luta épica eles se tornam irmãos de sangue.

Lutamos muito e vencemos. Os palestinos perderam tudo. A parte da Palestina alocada pela ONU para seu estado havia sido devorada por Israel, Jordânia e Egito, não deixando nada para eles. Metade do Povo Palestino foi expulsa de suas casas e transformada em refugiados.

Era o momento, pensamos, para o vencedor atordoar o mundo com um ato de magnanimidade e sabedoria, oferecendo-se para ajudar os palestinos na criação de seu Estado em troca da paz. Assim, poderíamos forjar uma amizade que iria durar por gerações.

18 anos mais tarde eu tive essa visão novamente em circunstâncias semelhantes. Tivemos uma vitória impressionante contra os exércitos árabes na guerra dos Seis Dias. O Oriente Médio estava em estado de choque. Uma oferta de Israel para os palestinos de estabelecer seu Estado teria impressionado a região.

ESTOU contando esta história (de novo) a fim de firmar um ponto: quando a "Solução dos Dois Estados" foi concebido pela primeira vez depois de 1948, foi como uma ideia de confraternização, reconciliação e respeito mútuo.

Nós vislumbramos dois Estados vivendo juntos, com fronteiras abertas à livre circulação de pessoas e bens. Jerusalém, a capital conjunta, simbolizaria o espírito da mudança histórica. A Palestina seria a ponte entre o Novo Israel e o Mundo Árabe, unidos para o bem comum. Falamos de uma "União Semita" muito antes da União Europeia tornar-se realidade.

Quando a Solução dos Dois Estados fez sua marcha extraordinária a partir da visão de um punhado de pessoas de fora (ou malucos) para um consenso mundial, foi neste contexto que foi concebida. Não um plano contra Israel, mas a única base viável para a paz verdadeira.

Esta visão foi firmemente rejeitada por David Ben-Gurion, então o líder indiscutível de Israel. Ele estava ocupado distribuindo novos imigrantes judeus pelas vastas áreas expropriadas dos árabes, e ele não acreditava de modo algum na paz com eles. Estabeleceu o curso que os sucessivos governos israelenses, incluindo o atual, vêm seguindo desde então.

Do lado árabe, sempre houve apoio para esta visão. Já na Conferência de Lausanne, em 1949, uma delegação não-oficial palestina compareceu e, secretamente, ofereceu-se para iniciar as negociações diretas, mas eles foram rudemente rejeitados pelo delegado israelense, Eliyahu Sasson, sob ordens diretas de Ben-Gurion (como eu ouvi dele mais tarde).

Yasser Arafat disse-me várias vezes – de 1982 até sua morte em 2004 – que daria apoio a uma solução "Benelux" (sobre o modelo da união entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo), que incluiria Israel, Palestina e Jordânia ("e, talvez, também o Líbano, por que não?").

AS PESSOAS FALAM sobre todas as oportunidades de paz perdidas por Israel ao longo dos anos. Isso é um absurdo: você pode perder oportunidades no caminho para um objetivo que você deseja, mas não de uma forma que abomina.

Ben-Gurion viu um Estado Palestino independente como um perigo mortal para Israel. Então ele fez um acordo secreto com o rei Abdullah I, dividindo entre eles o território atribuído pelo plano de partilha das Nações Unidas para o Estado Árabe Palestino. Todos os sucessores de Ben-Gurion herdaram o mesmo dogma: o de que um Estado Palestino seria um perigo terrível. Por isso, eles optaram pela chamada "opção jordaniana" – manter o que resta da Palestina sob o tacão do monarca da Jordânia, que não era palestino (nem mesmo jordaniano - sua família veio de Meca).

Esta semana, o atual governante da Jordânia, Abdullah II, ficou furioso quando soube que mais um ex-general israelense, Uzi Dayan, novamente propôs incorporar a Jordânia à Palestina, com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza como "províncias" do reino Hachemita. Este Dayan é, ao contrário de seu primo mais velho, Moshe, um tolo pomposo, mas mesmo um discurso de uma pessoa como essa enfurece o rei, que possui um medo mortal de um fluxo de palestinos expulsos da Cisjordânia para a Jordânia.

Três dias atrás, Binyamin Netanyahu disse a Cathy Ashton, a patética "Secretária de Relações Exteriores" da União Europeia, que aceitaria qualquer coisa que fosse menor que um Estado Palestino. Isso pode soar estranho, tendo em vista o discurso "histórico" que ele fez há menos de dois anos, no qual expressou seu apoio à solução de dois Estados. (Talvez ele estivesse pensando em um Estado de Israel e um Estado dos Colonos.)

Nas poucas semanas restantes antes da votação da ONU, nosso governo vai lutar com unhas e dentes contra um Estado Palestino, apoiado por todo o poder dos EUA. Esta semana, Hillary Clinton extrapolou seu próprio discurso quando anunciou que os EUA apóiam a Solução dos Dois Estados e, portanto, se opõem a qualquer votação na ONU de reconhecimento do Estado Palestino.

À PARTE as terríveis ameaças do que vai acontecer após a votação da ONU por um Estado Palestino, os líderes israelenses e americanos asseguram-nos que essa votação não vai fazer qualquer diferença.

Se isso é verdade, porque brigar por isso?

Claro que vai fazer diferença. A ocupação vai continuar, mas será a ocupação de um Estado por outro. Na história, os símbolos contam. O fato de que a grande maioria das nações do mundo terá reconhecido o Estado da Palestina será mais um passo para conquistar a liberdade para os palestinos.

O que vai acontecer no dia seguinte? Nosso exército já anunciou que concluiu seus preparativos gerados por claras manifestações palestinas de que irão atacar os assentamentos. Os colonos serão chamados a mobilizar suas "equipes de reação rápida" para enfrentar os manifestantes, cumprindo assim as profecias de um "banho de sangue". Depois disso o exército vai se movimentar, puxando muitos batalhões de tropas regulares para outras tarefas e convocando unidades da reserva.

Algumas semanas atrás eu apontei para sinais ameaçadores de que atiradores seriam empregados para transformar manifestações pacíficas em algo muito diferente, como aconteceu durante a segunda intifada. Esta semana isso foi confirmado oficialmente: atiradores serão empregados para defender os assentamentos.

Tudo isso constitui um plano de guerra para os assentamentos. Simplificando: uma guerra para decidir se a Cisjordânia pertence aos palestinos ou aos colonos.

Em um giro quase cômico dos eventos, o exército também está fornecendo meios de dispersão de multidões para as forças de segurança palestinas treinados pelos americanos. As autoridades de ocupação esperam que essas forças palestinas protejam os assentamentos contra seus compatriotas. Uma vez que estas são as forças armadas do futuro Estado Palestino, que é antagônico a Israel, tudo isso soa um pouco confuso.

De acordo com o exército, os palestinos terão balas revestidas de borracha e gás lacrimogêneo, mas não o "Skunk".

O Skunk é um dispositivo que produz um cheiro insuportável que se fixa a manifestantes pacíficos e não se dissipa por um longo tempo. Tenho medo de que quando este capítulo chegar ao fim, o fedor vai impregnar-se do nosso lado, e não deveremos nos livrar dele por um longo tempo.

VAMOS DAR livre curso à nossa imaginação por apenas um minuto.

Imagine que no iminente debate na ONU algo incrível aconteça: o delegado israelense declare que, após as devidas considerações, Israel decidiu votar pelo reconhecimento do Estado da Palestina.

A assembleia travaria em descrença. Após um momento de silêncio, aplausos iriam soar. O mundo seria energizado. Durante dias, a mídia mundial não falaria de outra coisa.

O minuto de imaginação passou. De volta à realidade. De volta ao Skunk.



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sábado, 10 de setembro de 2011

UM REI CADA VEZ MAIS NU


Há poucos dias o prezado blogueiro Altamiro Borges publicou um pedido para que o show de Roberto Carlos em Israel fosse boicotado quando transmitido pela TV. Pensar na pessoa e no artista RC me leva a sentimentos contraditórios. Um cara ao mesmo tempo gente boa e esquisito, um artista com uma obra relevante mas que há décadas nada produz que valha a pena ser lembrado... Quem é RC? Acho que nunca vou saber.

Diga-me com quem andas...
Porém, me lembrei da famosa frase de Stan Lee e Steve Ditko, pelo seu personagem Peter Parker: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". E pensei que, se RC ou qualquer pessoa pode ainda se emocionar em passear pela chamada "Terra Santa", qual a relação disso com a visita ao Presidente Shimon Peres? Visitar o chefe de um Estado genocida tem algo de religioso? Para políticos, executivos e diplomatas isso pode ser um dever de ofício, mas para um artista não passa de um rapapé! E, quando o baba-ovo é alguém com a popularidade de RC, a coisa se torna uma perigosa chancela àquele criminoso regime.

Coincidentemente, RC foi neste ano enredo da Escola de Samba campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, exatamente a Beija-Flor de Nilópolis, cujo patrono é o bicheiro Aniz Abraão David, mais conhecido como Anísio. Ali RC já deu uma mostra do que poderia estar por vir.

...E te direi quem és.


Olha, para alguns RC é um mau-caráter. Para mim, tal e qual o Rei Nu do conto, não passa de um tremendo sem-noção.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: POR QUE A SELEÇÃO ESTÁ NO CAMINHO ERRADO!

A afirmação do título nada tem a ver com as derrotas para Alemanha, França e Argentina. Com certos cuidados, sou a favor de jogar sempre contra equipes de qualidade. O problema é bem outro: sem a necessidade de disputar eliminatórias para 2014, o único objetivo do momento deveria ser a Olimpíada de Londres, já no ano que vem. TODOS os jogos até lá deveriam ser da Seleção Olímpica. Essa história de "preparação para a Copa" é, no caso do futebol brasileiro, uma grande bobagem. A nossa experiência histórica mostra que a equipe da Copa se define mesmo um ano antes da competição. Falam muito da Espanha, mas os atuais campeões têm um time-base, aquele cujo uniforme é parecido com o do Bonsucesso, algo impossível na nossa realidade. O fato é que estamos a menos de um ano dos JO e o que nos dá esperança é a galera dos sub-17 e sub-20, que vem fazendo bonito nas suas competições.

RG e Cafú, símbolos para esses garotos? Estamos perdidos...
 Pressionado pelos maus resultados, principalmente o mico pago na Copa América, Mano Menezes se rende e convoca os "rejeitados" Ronaldinho e Marcelo, além de corrigir a inexplicável ausência de Leandro Damião. É claro que estes seriam, hoje, titulares absolutos do escrete Canarinho. Mas qual a filosofia? É ter o melhor time para agora ou montar um para 2012? Me parece que o que se tenta é operar "em paralelo" ambas as frentes, e não acho essa uma boa ideia. Ao menos não vem dando certo, basta consultar o retrospecto recente.

Agora, se RG foi chamado pelo seu futebol, tudo bem. Mas não me venham com essa de que ele vai ser uma espécie de "paizão" dos mais jovens. RG nunca foi líder. Foi o melhor do mundo e ainda é craque. Mas foi mandado embora do Barcelona por ser má influência para Messi. E Cafú, o maior caso de "tartaruga no poste" da história do nosso futebol, não tem nada para aconselhar a esses garotos. Em 2006 estava naquela farra de Weggis (bem como RG) e a sua única manifestação pública foi, após a boa atuação do time "reserva" contra o Japão, dar uma entrevista na qual se escalou,  junto a outros que não estavam jogando nada, para a partida contra Gana. Seu objetivo era brilhar como grande recordista e a imagem que ficou foi de sua atuação bisonha contra a França. Atitude totalmente diferente da de Loco Abreu, que é o grande líder da Seleção Uruguaia mesmo ficando disciplinadamente no banco.

Com "exemplos" como esses, não vamos longe. Mas tenho o palpite de que esses meninos têm luz própria e vão jogar sua bola sem se importar com as bobagens que tentam lhes inculcar.

sábado, 13 de agosto de 2011

OPINIÃO DO BLOG: QUAL JUSTIÇA?

O abominável crime que vitimou a Juíza Patrícia Acioli deixou muitos de nós, como é usual acontecer, com gosto de sangue na boca.
PRESENTE!
 Uma amiga minha que vive nos EUA, em um estado que pratica a pena capital, me escreveu em defesa da mesma alegando que realmente funciona. Os estudos que consultei em geral sinalizam que não. Contudo, não sendo um especialista no tema, dou a ela o benefício da dúvida. Porém, eu pessoalmente não consigo admitir que se dê a uma pessoa ou grupo o poder de arbítrio sobre a vida ou a morte, principalmente quando a mesma é uma forma de vingança social.

Além disso, o que não falta no Brasil são execuções. Os mesmos bandidos que mataram Patrícia provavelmente fazem parte daqueles grupos que "limpam a área" onde atuam. A grande diferença dos EUA para o Brasil nesse aspecto não é a pena capital, mas o fato de que o sistema penal deles funciona. Há também injustiça, há uma indústria do processo, mas não se vê por lá este cinismo que nos assola.

É a deformidade do sistema policial-penal brasileiro que faz com que assassinos e outros bandidos perigosíssimos se livrem da prisão, como se deu com o dejeto humano chamado Pimenta Neves, que levou 11 anos para ser preso, e não por estar foragido. É esse mesmo sistema que prendeu o ex-jogador Zé Elias porque este não conseguia honrar uma pensão de R$ 25 mil. Que limita a pena de prisão a 30 anos mas permite "benefícios" por "bom comportamento" a partir do cumprimento de 1/6 da mesma. Que nos deixa à mercê de criminosos brutais que se escondem atrás da menoridade. Que esclarece 1% dos homicídios. Etc., etc...

Na minha profissão também faço investigações, mas de falhas de equipamentos, não de crimes. Aprendi a buscar tanto as causas imediatas como as básicas. Pois bem, para mim a causa imediata dessa morte é óbvia, foi o atentado a tiros que a vítima sofreu. Mas a causa básica não aponta para seus executores (que, provavelmente, irão logo "pra vala"), e sim para seus próprios pares, juristas cúmplices de uma justiça de merda!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

JUÍZA DE SÃO GONÇALO EXECUTADA EM NITERÓI

Essa juíza cumpria com o seu dever e foi servida de bandeja para seus algozes. Pessoas nessa posição não devem ter a prerrogativa de escolher se querem ou não proteção especial. Trata-se de proteger a pessoa E o posto que ela representa. Agora, como reagirão os juízes, promotores, policiais e outros que, tal e qual Patrícia, vinham enfrentando essas bandas podres?

Patrícia Acioli, que Deus te abençoe!

Patricia Acioli, juíza linha-dura com grupos de extermínio de São Gonçalo, é morta na porta de casa - Casos de Polícia - Extra Online

CORREÇÃO: Titulo do post corrigido por alerta do companheiro Fernando Freire.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

COMO (MAL) SE FORMA UM POLICIAL

Outro título poderia ser: "E eu que pensava ter uma boa noção sobre as mazelas da PM..."

O Jorge Antônio Barros publicou no Repórter de crime artigo do Coronel da reserva  José Vicente da Silva Filho, onde este critica de maneira implacável a irresponsável meta do Governador Sérgio Cabral de inchar mais ainda a PM Fluminense, chegando a um efetivo de 70 mil policiais, nessa conta incluindo os civis. Leiam o texto, pois este revela absurdos inacreditáveis para quem não conhece a PM por dentro e pensa que a corrupção é a única mancha. Vejam como uma corporação pode ser configurada para não dar certo.

Faço uma comparação com a área em que atuo: sou Técnico em Química e são precisos 4 anos de formação para exercer a minha profissão. A função de nível superior correspondente é o Engenheiro Químico, formado em 5 ou 6 anos. Um Oficial da PMRJ é formado em 3 anos (em horário integral). Um soldado em... 6 meses!

Em seis meses o cidadão aprovado no concurso da PM recebe uma arma, distintivo, uniforme e... Autoridade! Como é possível um absurdo desses? Em seis meses não se aprende a ser mecânico. Não se aprende um novo idioma. Não se desenvolve nenhuma grande habilidade esportiva ou artística. Não se aprende praticamente nada que exija algum preparo especial. Mas, para nossos governantes, pode se aprender em seis meses a proteger os cidadãos, enfrentar bandidos em tiroteios, fazer perseguições em alta velocidade... Me desculpem meus 14 leitores, mas o que me vem à mente é um sonoro PQP!

Em São Paulo já são dois anos de curso para soldado da PM. Isso apenas não resolve tudo, mas é um passo indispensável, até para desestimular aqueles que já ingressam na corporação com más intenções.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SOBRE ZAGALLO E FORREST GUMP - 80 ANOS

Em 2006 eu enviei um imeio ao Mauro Cezar Pereira, da ESPN, que havia dado umas traulitadas no Velho Lobo. Acho que ele não leu. Nesse texto eu dizia, sem mudar uma vírgula:


Mauro Cezar, parabéns pelo seu texto. Você não é o primeiro a ter a coragem de expor o que muitos pensam sobre o “Velho Lobo”, mas há algum tempo não via alguém tocar nesse assunto. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que reconheço o amor que Zagallo tem pelo futebol e, principalmente, pela Seleção Brasileira. Na idade em que se encontra, e já tendo ganhado tudo, poderia curtir a família e a glória. Mas a cada um suas escolhas.
Não há comparação entre Telê e Zagallo. Basta ver seu retrospecto em clubes. Zagallo não conquistou um título sequer de expressão com treinador de clube. Telê foi um caso raríssimo de técnico ídolo em todos os times que treinou.
E na Seleção? Zagallo não é o único tetracampeão mundial?
De fato. Como Forrest Gump, Zagallo sempre “estava lá”. Nos dois títulos como jogador, era reserva e ganhou duas vezes a posição de Pepe, muito superior. Em 70, herdou o cargo de João Saldanha e, a bem da verdade, mexeu no time e resolveu o problema de escalar vários jogadores que, a rigor, não poderiam atuar juntos. Taticamente revolucionária, a Seleção do Tri pode ser comparada a outra “coqueluche” da época: os Festivais da Canção. Hoje sabemos que uma espetacular geração de artistas é que fez daqueles eventos um enorme sucesso, e não o contrário. Como os pífios festivais dos anos 80, as Seleções de 1974, 1996 (olímpica) e 1998 foram decepcionantes. Ou seja: quando teve o time na mão, com tempo para prepará-lo a seu critério, Zagallo não ganhou nada. Como? Medalha de Bronze? Ora, em futebol no Brasil e basquete nos EUA só um resultado interessa: Campeão, o resto é último. Em 78 e 86, ficamos invictos. Em 74 e 98 perdemos dois jogos em sete, nesta última com duas “conquistas” inéditas: viramos fregueses da Noruega e sofremos a ÚNICA derrota por mais de dois gols de diferença em toda a nossa participação em Copas.

Bem, passados cinco anos eu mudaria muito pouco neste texto. Não acho mais que só quando se é campeão é que está bom. Penso hoje que, se o futebol brasileiro fizer algo próximo do nosso vôlei, ou seja, estiver sempre no pódio, merece todo o nosso aplauso. Faltou também explicar que a comparação com Forrest Gump também se deveu à insistência de Zagallo em exaltar seus recordes e nunca lembrar das vezes em que quebrou a cara, como se isso não fosse algo normal em qualquer ser humano.

Zagalo na Copa de 70.
Goste eu ou não, "tenho que engolir": Zagallo é um grande nome da história do futebol brasileiro e, consequentemente, do mundial. Parabéns pelos seus 80 anos, Velho Lobo (e "xará")!

Mas, cada vez que eu vejo o Zagallo ser homenageado, mais eu sinto saudades do Telê Santana.

Telê na Copa de 82.

PROFISSIONALISMO E IDENTIFICAÇÃO COM O CLUBE

Dentre meus 14 leitores me perdoem os que não forem tricolores, mas este texto é sobre o meu Flu. Numa era em que o profissionalismo é defendido por todos no futebol e demais esportes de massa, quero colocar uma pitada de amadorismo nesse angu.

Toco nesse assunto porque, após uma terrível atuação do meu time, uma das piores que já assisti, vejo muitas opiniões do tipo "Fora Fulano!" por aí. E quero dizer que já gritei e ainda posso muito bem fazer isso de novo, mas acho que ainda não é o momento.
Só quero colocar agora que, ainda que se exija profissionalismo do atleta, não custa nada aproveitar aquele famoso "amor à camisa" que alguns pensam que não existe mais. Ficou raro e não é um amor tão cego assim, mas existe. Alguns clubes têm conseguido um retorno bem interessante quando investem em jogadores que sentem algo de especial pelo clube que defendem. Na hora daquele "algo a mais", esses jogadores têm uma reserva de energia da qual os demais não dispõem. É óbvio que isso não substitui a qualidade, a dedicação, a disciplina e muito menos o talento. Mas que ajuda, ajuda.

Observem os jogadores citados a seguir e os clubes que defenderam com essa "identificação": Conca e Assis (Fluminense); Petkovic (Flamengo); Marcelinho e Rincón (Corinthians); Sorín (Cruzeiro); Mauro Galvão (Vasco), etc.etc. Muitos outros podem ser citados. Tive o cuidado de relacionar jogadores que não foram revelados por esses clubes. É fácil falar da identificação do Júnior com o Flamengo, do Ademir da Guia com o Palmeiras ou do Bobô com o Bahia. Os atletas que relacionei desenvolveram uma relação especial com time e torcida, mesmo não sendo "prata da casa". Desse modo, e os resultados estão aí para provar, deram um retorno extraordinário ao seu clube.
Bem, a ideia desse texto nasceu por ter visto, no mesmo final de semana da vergonha do meu Tricolor em Sete Lagoas, o Cícero fazer dois gols pelo São Paulo, o Conca brilhar na China (Ok, moleza pra ele fazer isso), o Roger visitar o time (como fizera o Washington dias antes), o Alan começar a se destacar na Europa... Minha esperança? O cara no banco. Abel tem essa identificação com o clube. Vai sofrer pra burro mas vai arrumar a casa para 2012. Neste ano o que vier é lucro. Ano que vem o Flu vai atropelar - publico agora pra não dizerem depois que não falei. ST!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

PEDIU PRA SAIR!

Este blog vem ecoando há tempos (ver aqui e aqui) os anseios de muitos pela exclusão de Johnbim (essa grafia devemos ao Paulo Henrique Amorim) do ministério de Dilma Roussef. Na qualidade de petroleiro sempre fiquei indignado com a presença, num governo que ajudei a eleger, de um dos responsáveis pela pilantragem perpetrada pelo governo FHC contra a sociedade e a minha categoria na nossa greve de 1995 (para ver um resumo daquele movimento leia aqui). O demissionário Ministro da Defesa ocupava a pasta da Justiça (?) no governo do Farol de Alexandria (outra alcunha que devemos ao Amorim).

Precisa comentar?
Agora, no Viomundo, o Azenha apresentou uma brilhante definição chicanysiana do Johnbim: uma cruza de Bozó com Rolando Lero. Eu ousaria acrescentar: com uma generosa pitada de Pantaleão.

COMPLEMENTANDO: Celso Amorim é o novo Ministro da Defesa. Uma mudança da água suja para o champanha.  E adorei este post do Marco Antonio Araujo sobre o Johnbim no seu blog O Provocador.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O QUE JUSTIFICA UMA RENÚNCIA FISCAL?

A pergunta tem cabimento porque este blogueiro entende que, sim, pode haver motivos que justifiquem este tipo de "incentivo". Isso é feito a todo momento com tributos como o Imposto de Importação, que pode ser manipulado para, por exemplo, evitar pressões inflacionárias ao facilitar a compra de mercadorias importadas. A redução do IPI de automóveis e da "linha branca" feita no governo Lula foi justificada como uma resposta à crise mundial de 2008.

O grande perigo da renúncia fiscal é torná-la mais uma forma de pilhagem do erário pois, na prática, o dinheiro que deixa de entrar nos cofres públicos equivale a um que fosse retirado dos mesmos. E isso é o que parece (parece?) estar acontecendo com o que foi exposto na matéria da Folha de S. Paulo de 27/06 (isso mesmo, foi em junho), a qual você pode ler parcial ou completamente, caso seja assinante, aqui.

Segundo a reportagem, o Governo Sérgio Cabral deixou de arrecadar, pelo mecanismo da renúncia fiscal, cerca de R$ 50 bilhões de 2007 a 2010, contra uma receita total de R$ 97 bilhões no mesmo período. Isso mesmo, a renúncia ultrapassa 50% da receita! É 50 vezes a reforma do Maracanã! Pagaria três anos de salários e encargos de todo o funcionalismo estadual! Lembra dos royalties do petróleo, que o Cabral diz que, se redistribuídos, quebrariam o Estado? São "só" 3,3 bilhões/ano, ou seja, a renúncia do Cabral equivale, por ano, a cerca de quatro vezes a receita dos royalties! Neste link você pode pessoalmente checar os números de receitas e despesas do RJ, obtidos no próprio saite do Governo do Rio de Janeiro.

Abaixo, um ótimo infográfico da Folha sobre algumas instituições altamente estratégicas para a economia fluminense beneficiadas pela renúncia do Cabral. Renúncia do Cabral? Hum... Isso soa bem...



Não, você não enlouqueceu, tampouco os repórteres da Folha. Há termas entre as empresas beneficiadas. Deve ser para incentivar o turismo sexual.

COMO SOFREM OS PAIS SEPARADOS

Este blogueiro está trabalhando forte nesse tema. Em breve, novidades.

Náufrago da Utopia: ZÉ ELIAS, UM INJUSTIÇADO

quarta-feira, 20 de julho de 2011

INDIGNAÇÃO - DARCY RIBEIRO

Um texto fundamental para os dias atuais, escrito por um dos maiores brasileiros do século XX, o Professor Darcy Ribeiro. É uma espécie de síntese (se é que isso seria possível) do seu pensamento. Publicado em O Brasil como Problema, Francisco Alves, 1995. Darcy foi daqueles "imprescindíveis" de Brecht. Que diferença para esses intelectuais que arrotam títulos e irrelevância.



INDIGNAÇÃO


Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando e lutando, como um cruzado, pelas causas que me comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isto não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas.
Tudo que diz respeito ao ser humano, suas vidas, suas criações, me importam supremamente. Dentro do humano, o povo brasileiro, seu destino, é o que mais me mobiliza. Nele, a ínvia indianidade brasileira, que consegue milagrosamente sobreviver. Mas, sobretudo, a massa de gente nossa, ainda em fusão, esforçando-se para florescer numa nova civilização tropical, mestiça e alegre.
Acho que aprendi isso, ainda muito jovem, com os antigos comunistas. Imbatíveis em sua predisposição generosa de se oferecerem à luta, por qualquer coisa justa, sem mais querer que o bem geral. Estou certo de que a dignidade, e até o gozo de viver que tenho, me vem dessa atitude básica de combatente de causas impessoais. Tanto, que me atrevo a recomendar duas coisas aos jovens de hoje. Primeiro, que não respeitem seus pais, porque estão recebendo, como herança, um Brasil muito feio e injusto, por culpa deles. Minha também, é claro. Segundo, que não se deixem subornar por pequenas vantagens em carreirinhas burocráticas ou empresariais pelo dinheirinho ou dinheirão que poderiam render. Mais vale ser um militante cruzado, acho eu.
Vejo os jovens de hoje esvaziados de juventude, enquanto flama, combatividade e indignação. Deserdados do sentimento juvenil de solidariedade humana e de patriotismo e de orgulho por nosso povo. Incapacitados para assumir as carências dos brasileiros como defeitos próprios e sanáveis por todos nós. Ignorantes de que o atraso, a fome e a pobreza só existem e persistem, entre nós, porque são lucrativos para uma elite infecunda e cobiçosa de patrões medíocres e de políticos corruptos.
Afortunadamente, podemos nos orgulhar de muitos jovens brasileiros que são o sêmen de nosso povo sofredor. Sem eles, nossa Pátria estaria perdida. É indispensável, porém, ganhar a totalidade da juventude brasileira para si mesma e para o Brasil. O dano maior que nos fez a ditadura militar, perseguindo, torturando e assassinando os jovens mais ardentemente combativos da ultima geração, foi difundir o medo, promover a indiferença e a apatia. Aquilo de que o Brasil mais necessita, hoje, é de uma juventude iracunda, que se encha de indignação contra tanta dor e tanta miséria. Uma juventude que não abdique de sua missão política de cidadãos responsáveis pelo destino do Brasil, porque sua ausência é imediatamente ocupada pela canalha.
Talvez eu veja tanto desencantamento, onde o que há é apenas o normal das coisas ou o sentimento do mundo que corresponde às novas gerações. Talvez seja assim, mas isso me desgosta muito. Desgosta, principalmente, porque sinto no peito que é obra da ditadura militar tamanha juventude abúlica, despolitizada e desinteressada de qualquer coisa que não corresponda ao imediatismo de seus interesses pessoais. É por isso que não me canso de praguejar e xingar, exaltando, dizendo e repetindo obviedades. Sobretudo, quando falo à gente jovem, em pregações sobre valores que considero fundamentais e que não ressoam neles como eu quisera.
Primeiro de tudo, o sentimento profundo de que esse nosso paisão descomunal e esse povão multitudinário, que temos e somos, não nos caiu ao acaso, nem nos veio de graça. É fruto e produto de séculos de lutas e sacrifício de incontáveis gerações. O território brasileiro é do tamanho que é graças à obsessão portuguesa de fronteira, impressa neles por um milênio de resistência, para não serem absorvidos pela Espanha, como ocorreu com todos os outros povos ibéricos. Desde os primeiros dias de nosso fazimento estava o lusitano preocupadíssimo em marcar posses, gastando nesse esforço gerações de índios e caboclos que nem podiam compreender que nos faziam.
Meu apego apaixonado pela unidade nacional começa pela preservação desse território como a base física em que nosso povo viverá seu destino. Encho-me da mais furiosa indignação contra quem quer que manifeste qualquer tendência separatista. Acho ate que não poderia nunca ser um ditador, porque mandaria fuzilar quem revelasse tais pendores.
Outro valor supremo, e até sagrado, que quero comunicar à juventude, é o sentimento de responsabilidade pelo atroz processo de fazimento de nosso povo, que custou a vida e a felicidade de tantos milhões de índios caçados nas matas e de negros trazidos da África, para serem desgastados no moinho brasileiro de gastar gente. Nós viemos dos zés-ninguém gerados pela índia prenhada pelo invasor ou pela negra coberta pelo amo ou pelo feitor. Aqueles caboclos e mulatos, já não sendo índios nem africanos e não sendo também admitidos como europeus, caíram na ninguendade. A partir dessa carência de identificação étnica é que plasmaram nossa identidade de brasileiros. Fizeram-no um século depois, quando, através dos insurgentes mineiros, tomamos consciência de nós brasileiros como um povo em si, aspirando a existir para si.
Surgimos, portanto, como um produto inesperado e indesejado do empreendimento colonial que só pretendia ser uma feitoria. A empresa Brasil se destinava era a prover o açúcar de adoçar boca de europeu, o ouro de enricá-los e, depois, minerais e quantidades de gêneros de exportação. Éramos, ainda somos, um proletariado externo aqui posto para servir ao mercado mundial. Criá-lo foi a façanha e a glória das classes dominantes brasileiras, cujo empenho maior consistia, e ainda consiste, em nos manter nessa condição.
Foi sobre esse Povo-Nação, já constituído e levado à independência com milhões de caboclos e mulatos, que se derramou a avalanche europeia quando seus trabalhadores se tornaram descartáveis e disponíveis para a exportação como imigrantes. Os melhores deles se identificaram com o povo antigo da terra e até se tornaram indistinguíveis de nós, por sua mentalidade, língua, cultura e identificação nacional. Ajudaram substancialmente a modernizar o País e a fazê-lo progredir, gerando uma prosperidade ampliada, ainda que muito restrita, e que beneficiou principalmente aos recém-vindos.
É de lamentar, porem, que vez por outra surja, entre eles, uns idiotinhas alegando orgulhos de estrangeiridade. O fazem como se isso fosse um valor, mas principalmente porque estão dispostos seja a quebrar a unidade nacional em razão de eventuais vantagens regionais, seja a retornarem eles mesmos para outras terras, como fizeram seus avós. Afortunadamente, são uns poucos. Com um pito se acomodam e se comportam. Compreendem, afinal, que não há nesse mundo glória maior que participar da criação, aqui, da civilização bela e justa que havemos de ser.
Tal como ocorreu com nossos antepassados, hoje, o Brasil é nossa tarefa, essencialmente de vocês, meus jovens. A história está a exigir de nós que enfrentemos alguns desafios cruciais que, em vão, tentamos superar há décadas. Primeiro que tudo, reformar nossa institucionalidade para criar aqui uma sociedade de economia nacional e socialmente responsável, a fim de alcançarmos uma prosperidade generalizada a todos os brasileiros. O caminho para isso é desmonopolizar a propriedade da terra, tirando-a das mãos de uma minoria esteril de latifundiários que não plantam nem deixam plantar. Eles são responsáveis pelo êxodo rural e o crescimento caótico de nossas cidades e, consequentemente, pela fome do povo brasileiro. Fome absolutamente desnecessária, que só existe e se amplia porque se mantém uma ordem social e um modelo econômico compostos para enriquecer os ricos, com total desprezo pelos direitos e necessidades do povo.
Simultaneamente, teremos que derrubar o corpo de interesses que nos quer manter aliados, servilmente, ao mercado mundial, exigindo privilégios aos estrangeiros e a privatização das empresas que dão ser e substância à economia nacional, para manter o Brasil como o paraíso dos banqueiros. Não se trata de criar aqui nenhuma economia autárquica, mesmo porque nascemos no mercado mundial e só nele sobreviveremos. Trata-se é de deixar de ser um reles proletariado externo para ser um povo que exista por si mesmo, ocupado primacialmente em promover sua própria felicidade.
Essas lutas só podem ser travadas, com chance de vitórias, desmontando a ordem política e o sistema econômico vigentes. Seu objetivo expresso é preservar o latifúndio improdutivo e aprofundar a dependência externa para manter uma elite rural esfomeadora e enriquecer um empresariado urbano servil a interesses alheios. Todos eles estão contentes com o Brasil tal qual é. Se não anularmos seu poderio, eles farão do Brasil do futuro o País que corresponda aos interesses dos países que nos exploram.
Nestas singelas proposições se condensa, para mim, o que é substancial da ideologia política que faz dos brasileiros, brasileiros dignos. Tais são o zelo pela unidade nacional; o orgulho de nossa identidade de povo que se fez a si mesmo pela mestiçagem da carne e do espirito; a implantação de uma sociedade democrática, onde imperem o direito e a justiça para todos; a democratização do acesso à terra para quem nela queira morar ou cultivar; a criação de uma economia industrial autônoma como o são todas as nações desenvolvidas.
Eis o que peço a cada jovem brasileiro: repense estas ideias, reavalie estes sentimentos e assuma, afinal, uma posição clara e agressiva no quadro político brasileiro.