segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A MÍDIA VIRA AS BATERIAS PARA A PETROBRAS. E PAGA MICO DE NOVO.


Acontece com todo mundo. Você comete uma gafe, algo como uma frase infeliz, tipo "Não sei onde vou sentar!" e imediatamente vai parar na berlinda, sendo zoado(a) por todos que te conhecem. O que você faz? Ou fica quieto(a) e espera a onda passar ou escolhe outra "vítima" para sair do foco, manobra que muitas vezes só piora a situação.

A grande mídia brasileira fez agora algo parecido. Apanhada em flagrante e imperdoável omissão no caso do vazamento no campo de Frade, resolveu atacar a Petrobras como quem diz: "Vocês estão reclamando da Chevron? A Petrobras é pior!"

Pausa. Como assim?

Imagine agora que você tem um botequim, daqueles bem modestos, onde trabalham três pessoas incluindo você. Aí, na hora de fazer umas compras para o estabelecimento, você descobre que durante o ano de 2010 foram quebrados 50 copos de cerveja. Foi muito ou pouco? Então você liga para um(a) gerente de uma rede de botecos, como o Belmonte, que tem 7 filiais no Rio e serve rios de chope todos os dias, e ele ou ela informa que lá (pura hipótese) se quebram 50 copos por semana. Então você fica feliz e comenta: "Estamos muito melhores que o Belmonte, re, re.".

Achou essa comparação idiota? Pois foi exatamente o que fez O Globo ao afirmar, literalmente: "Petrobras derramou em 2010 quase dobro de óleo da Chevron".

A Chevron produz, no Brasil, 79.000 barris de petróleo por dia (bpd). "Quase igual" à Petrobras com seus 2.600.000 bpd. Se esta vazou 4.200 barris, como diz a "reportagem", isso significa um índice de 0,0016 (4.200 : 2.600.000). Com os 2.400 barris desse único vazamento a Chevron alcançou um índice de 0,030, ou seja, quase 20 vezes maior que o da empresa brasileira! Isso sem contar que a Chevron não refina no Brasil, enquanto a Petrobras tem 12 refinarias, além de uma extensa rede de terminais e dutos.

Nada disso significa que a Petrobras não deva - porque deve - trabalhar forte para reduzir os impactos que suas atividades causem ao meio ambiente, entendendo que esta é uma luta sem tréguas e cuja única meta deveria ser a utopia do impacto zero.

A mídia pode e deve exigir da Petrobras o máximo empenho na proteção do meio ambiente. Mas sem essas manipulações grosseiras típicas da imprensa marrom.

Uma análise mais detalhada está no Tijolaço, onde desde o início se encontra a melhor cobertura deste acidente. Nele pode ser visto também um mea culpa da Folha.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

O VAZAMENTO EM FRADE E A MÍDIA


O blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto e do jornalista Fernando Brito, deu uma aula de jornalismo e, mais ainda, de honestidade ao investigar o vazamento de petróleo em Frade, campo da Bacia de Campos (ver também um texto anterior deste blog). Como já é bem conhecido, o campo é operado pela Chevron, que tentou de todas as formas ocultar a ocorrência e contou com o beneplácito de uma mídia preguiçosa e comprometida. Fosse da Petrobras o vazamento e teríamos até o Ricardo Molina analisando as fotos de satélite.

Agora o PIG já sabe.


É importante ler esta entrevista concedida pelo Brito ao Viomundo, onde ele mostra como andou essa carruagem. Vocês verão que este foi um exemplo claro do comportamento dos grandes órgãos de imprensa e de como, a partir do advento da blogosfera, iniciou-se uma verdadeira guerrilha de informações na qual você está envolvido, goste disso ou não. Um jornalista brasileiro e um geólogo estadunidense, em contato via web, foram capazes de furar toda a grande mídia nacional.



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O LUPI NÃO É O QUE DIZEM


Eu nunca morri de amores pelo Lupi, por não simpatizar muito com políticos mais de gabinete do que de voto. Lupi é um desses caras de partido, que ascendeu na política menos pelo voto popular e mais pela ascensão que conquistou dentro do PDT. Dentro da divisão de poderes do Governo Lula foi nomeado Ministro do Trabalho e do Emprego, num reconhecimento ao Trabalhismo como força importante que se somava àquela composição. Foi mantido por Dilma e agora é a bola da vez da mídia, que tenta demolir um a um os membros do atual ministério. Aliás, meus 19 leitores e trezentos e tantos amigos de facebook sabem que este blog aplaudiu a queda de alguns, como o insuportável Johnbim e o vacilante Agnelo, bem como achou que ficou barato o mero chega-prá-lá dado no apagado Luís Sérgio. Mas vimos também o quanto a Ana de Hollanda foi atacada logo que assumiu, tendo resistido bravamente, e como batem no Fernando Haddad por causa do ENEM que vem detonando a indústria dos vestibulares.

Eu peço a vocês que leiam o depoimento divulgado no Conversa Afiada. É parcial, sim, pois é da jornalista Ângela Rocha, esposa do Lupi. Mas é um texto eivado de sinceridade, emoção e aquela força que só se encontra em quem diz a verdade. Duvidem se quiserem, é o seu direito. Mas por favor leiam primeiro. O link é esse abaixo.

A carta da mulher do Lupi. Ou o PiG é um nojo ! | Conversa Afiada

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

FORÇA, LULA!

Não perdeu a simpatia.

ALÔ, PIG! E SE FOSSE A PETROBRAS?

O questionamento do título não é de minha lavra, foi do Brizola Neto e diz respeito ao vazamento de óleo do poço da Chevron na Bacia de Campos, província de onde aliás escrevo neste momento (no meu horário de descanso, tá, pessoal?).

Do Blog Sky Truth
 
A mídia está que é uma calma só. Se esse óleo viesse de um poço operado pela Petrobras, como vocês acham que seria a cobertura? Abaixo, o link para o Tijolaço:

Especialista: derrame de óleo pode ser 10 vezes maior

terça-feira, 15 de novembro de 2011

RECORDE DE ACIDENTES AÉREOS


O CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea Brasileira, divulgou relatório mostrando índice recorde de acidentes aéreos no Brasil de janeiro a outubro deste ano. Não pode haver pressa nas investigações, mas é necessária máxima eficiência nas mesmas, pois as medidas para corrigir essa situação não podem tardar. Se, por um lado, isso possa ser um reflexo sinistro do crescimento da economia - mais voos, mais ocorrências - por outro aponta a importância do trabalho de segurança de voo, que compreende dentre outras atividades a manutenção das aeronaves, o treinamento dos pilotos e a tecnologia de controle do tráfego aéreo.

Aeronáutica contabiliza número recorde de acidentes aéreos de janeiro a outubro | Agência Brasil


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ROYALTIES: ESTÁ ERRADO E PODE PIORAR


Uma das matérias mais lúcidas sobre esta questão é esta do Jornal do Brasil.

Foto: Paulo Alvadia (R7)

Assisti a uma entrevista onde um deputado do Piauí reclamava, com certa razão, que não tem cabimento que a cidade de Campos obtenha uma receita maior em Royalties e Participações Especiais (R&PE) superior à que TODOS os munícípios de seu estado auferem a título do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Contudo, é correta a argumentação de que o Estado do RJ é garfado quando o assunto é a distribuição de tributos. Em termos simples, o RJ recebe muito menos do que arrecada. Isso seria até justo considerando a necessidade de equilíbrio federativo, mas o mesmo argumento do deputado piauiense - de mau uso das receitas tributárias, principalmente por municípios como Campos e Macaé - se aplica perfeitamente aos Estados mais pobres da Federação, onde não raro oligarquias supercorruptas mamam todos os recursos e deixam o povo na miséria. Logo, pulverizar a grana dos R&PE pelo país não resolverá os problemas do modelo atual e ainda criará outros.

O problema não é quem fica com o dinheiro, mas para que esse dinheiro deve ser destinado. A cura para a "maldição do petróleo" é vincular as receitas de R&PE a investimentos em Educação, Ciência, Tecnologia e Infraestrutura, fazendo com que essa riqueza transitória produza ganhos permanentes. O modelo atual mostra sua face mais estúpida em Macaé, uma das piores qualidades de vida do Brasil. Não se consegue mudar a realidade política porque as oligarquias locais não permitem.

Esse é o verdadeiro debate, obliterado pelas lideranças de ambos os lados, interessadas apenas em ter o controle da grana. Quando os brasileiros gritamos "O PETRÓLEO É NOSSO!", nos referimos aos benefícios que almejamos com esse recurso mineral, que passam muitas vezes a uma distância enorme daqueles que muitos políticos defendem.


SUPER ÉZIO


VALEU, CARA!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: QUEM MATOU O CINEGRAFISTA?


Não tenho a menor dúvida em apontar como responsável direto pela morte trágica do repórter cinematográfico Gelson Domingos o seu empregador, a TV Bandeirantes. Trata-se situação semelhante à que ocorreu com Tim Lopes, nesse caso com o agravante de que a presença de jornalistas em zonas de tiroteio durante os mesmos vem sendo uma rotina nas coberturas de todas as emissoras. Ou seja: demorou para acontecer.

Gelson Domingos da Silva

A defesa dos órgãos da mídia vem sendo a mesma: "um atentado à liberdade de imprensa". Uma ova! Quer dizer que faz parte da "liberdade de imprensa" expor trabalhadores a um tiroteio? Eu trabalho numa plataforma de produção de petróleo, uma atividade de risco. Para todas as nossas tarefas temos procedimentos escritos, e tudo que foge à rotina é objeto de uma análise preliminar de perigos. São tomadas medidas para reduzir os riscos a um nível aceitável - risco zero não existe - sendo garantido ao trabalhador o direito de recusa caso não considere as medidas de controle suficientes. Uma condição sine qua non para a realização do trabalho é de que os equipamentos de proteção sejam compatíveis com os perigos envolvidos.

O fato de que o colete usado fosse  o "mais resistente permitido para uso civil", e que este resiste apenas a tiros de armas leves, aponta claramente que os jornalistas não poderiam estar ali! Ou é alguma surpresa de que traficantes entocados numa favela estejam armados com fuzis?

Em 1973 assisti na TV à notícia de que um cinegrafista filmara sua própria morte. Era o argentino Leonardo Henrichsen, assassinado por um militar chileno durante os conflitos que se seguiram ao golpe que derrubou o presidente Salvador Allende. De lá para cá a maioria dessas mortes se deu em zonas de guerra, ma as TVs brasileiras transformaram os tiroteios urbanos em "campeões de audiência", colocando jornalistas nas zonas de confronto, até atrapalhando a ação policial. Riscos completamente desnecessários.  Não precisamos de tantos detalhes. Podem colocar câmeras nas viaturas policiais, filmar a distância, utilizar blindados, sei lá. Não podem é colocar jornalistas na linha de tiro rezando para que não sejam atingidos.

Eu ia colocar aqui no blog o vídeo que mostra o confronto e o momento em que Gelson foi atingido. Desisti. Não devemos ficar consumindo essas imagens.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: A USP, A PM E A MACONHA


Nesses episódios relacionados com os recentes conflitos na USP vemos as mais disparatadas análises. Li, em meio a legítimas manifestações de membros da comunidade uspiana, um texto algo exagerado de um articulista do Papo de Homem (saite que curto bastante) e um "belíssimo" exemplo de febeapá proporcionado pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos que insistem em tratar os usuários de maconha como personagens inocentes da violência do tráfico.

Paulo repete um velho argumento ao atribuir a violência exatamente à proibição, numa anacrônica analogia com a "Lei Seca" dos EUA, que deu enorme fôlego à Máfia. Como muitos desses teóricos, ele provavelmente não percorre as ruas. Se o fizesse, veria que númeras atividades lícitas são hoje foco de organizações criminosas. Apenas como exemplo, peguemos o "transporte alternativo": o fato de ser legalizável não impede que seja dominado por criminosos, gerando extorsão, assassinatos e acidentes. O mesmo aconteceria com a maconha: com quem os usuários comprariam? Na farmácia, com receita e impostos, ou ali na esquina com o cara do "movimento"? Já imaginaram quantos assaltos às lojas e aos que transportassem a droga "legal"?

A realidade é simples: o usuário, a não ser o que tenha umas plantinhas no quintal para consumo próprio, põe grana na mão do bandido que vai ali na frente matar um inocente. É cúmplice dessa barbaridade toda. Por mim, deveria ser detido, multado dentro das suas possibilidades e encaminhado para tratamento compulsório.

Agora, é evidente que a PM patrulhando uma universidade desperte os "anticorpos" que muitos temos contra as arbitrariedades desta instituição e também dos períodos ditatoriais. Mas o campus da USP, como o da UFRJ na Ilha do Fundão, é uma área imensa, onde há registro de assaltos, estupros e homicídios há anos. Não há como proteger os estudantes, trabalhadores e demais transeuntes sem o apoio da força policial pública. Se a PM é despreparada, muito piores são as empresas de vigilância privada. As tensões naturais entre os membros da comunidade universitária e a polícia devem ser aliviadas com muita conversa e sem preconceito, o que é difícil, mas enfrentar desafios é o que se espera de pessoas de alto nível como a elite acadêmica de nosso país.

E é claro que o governo paulista não é flor que se cheire e tem certamente intenções subalternas com esse policiamento, mas outra vez afirmo que cabe à comunidade universitária vencer esse desafio e derrubar os muros que impedem o diálogo com os policiais. Errado é tratar a defesa de alunos que puxavam fumo na campus como uma bandeira contra a repressão. Quem diz que o maconheiro não incomoda fala besteira. Ele tá ali quieto, mas em algum lugar um traficante tá metendo bala em alguém por causa da grana que ele injetou no sistema.

Como petroleiro eu tive mais de uma experiência de situações tensas envolvendo a PM, sempre chamada para reprimir nossos movimentos reivindicatórios. Até ocupação do Exército tivemos. Mas muitas vezes conseguimos "quebrar o gelo" com os caras e estabelecer uma coexistência pacífica. É, às vezes não deu e a porrada estancou. Só que, num campus universitário, onde muitos daqueles militares gostariam de estudar, creio que existe uma grande oportunidade de aproximação - algo totalmente revolucionário!