quarta-feira, 20 de julho de 2011

INDIGNAÇÃO - DARCY RIBEIRO

Um texto fundamental para os dias atuais, escrito por um dos maiores brasileiros do século XX, o Professor Darcy Ribeiro. É uma espécie de síntese (se é que isso seria possível) do seu pensamento. Publicado em O Brasil como Problema, Francisco Alves, 1995. Darcy foi daqueles "imprescindíveis" de Brecht. Que diferença para esses intelectuais que arrotam títulos e irrelevância.



INDIGNAÇÃO


Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando e lutando, como um cruzado, pelas causas que me comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isto não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas.
Tudo que diz respeito ao ser humano, suas vidas, suas criações, me importam supremamente. Dentro do humano, o povo brasileiro, seu destino, é o que mais me mobiliza. Nele, a ínvia indianidade brasileira, que consegue milagrosamente sobreviver. Mas, sobretudo, a massa de gente nossa, ainda em fusão, esforçando-se para florescer numa nova civilização tropical, mestiça e alegre.
Acho que aprendi isso, ainda muito jovem, com os antigos comunistas. Imbatíveis em sua predisposição generosa de se oferecerem à luta, por qualquer coisa justa, sem mais querer que o bem geral. Estou certo de que a dignidade, e até o gozo de viver que tenho, me vem dessa atitude básica de combatente de causas impessoais. Tanto, que me atrevo a recomendar duas coisas aos jovens de hoje. Primeiro, que não respeitem seus pais, porque estão recebendo, como herança, um Brasil muito feio e injusto, por culpa deles. Minha também, é claro. Segundo, que não se deixem subornar por pequenas vantagens em carreirinhas burocráticas ou empresariais pelo dinheirinho ou dinheirão que poderiam render. Mais vale ser um militante cruzado, acho eu.
Vejo os jovens de hoje esvaziados de juventude, enquanto flama, combatividade e indignação. Deserdados do sentimento juvenil de solidariedade humana e de patriotismo e de orgulho por nosso povo. Incapacitados para assumir as carências dos brasileiros como defeitos próprios e sanáveis por todos nós. Ignorantes de que o atraso, a fome e a pobreza só existem e persistem, entre nós, porque são lucrativos para uma elite infecunda e cobiçosa de patrões medíocres e de políticos corruptos.
Afortunadamente, podemos nos orgulhar de muitos jovens brasileiros que são o sêmen de nosso povo sofredor. Sem eles, nossa Pátria estaria perdida. É indispensável, porém, ganhar a totalidade da juventude brasileira para si mesma e para o Brasil. O dano maior que nos fez a ditadura militar, perseguindo, torturando e assassinando os jovens mais ardentemente combativos da ultima geração, foi difundir o medo, promover a indiferença e a apatia. Aquilo de que o Brasil mais necessita, hoje, é de uma juventude iracunda, que se encha de indignação contra tanta dor e tanta miséria. Uma juventude que não abdique de sua missão política de cidadãos responsáveis pelo destino do Brasil, porque sua ausência é imediatamente ocupada pela canalha.
Talvez eu veja tanto desencantamento, onde o que há é apenas o normal das coisas ou o sentimento do mundo que corresponde às novas gerações. Talvez seja assim, mas isso me desgosta muito. Desgosta, principalmente, porque sinto no peito que é obra da ditadura militar tamanha juventude abúlica, despolitizada e desinteressada de qualquer coisa que não corresponda ao imediatismo de seus interesses pessoais. É por isso que não me canso de praguejar e xingar, exaltando, dizendo e repetindo obviedades. Sobretudo, quando falo à gente jovem, em pregações sobre valores que considero fundamentais e que não ressoam neles como eu quisera.
Primeiro de tudo, o sentimento profundo de que esse nosso paisão descomunal e esse povão multitudinário, que temos e somos, não nos caiu ao acaso, nem nos veio de graça. É fruto e produto de séculos de lutas e sacrifício de incontáveis gerações. O território brasileiro é do tamanho que é graças à obsessão portuguesa de fronteira, impressa neles por um milênio de resistência, para não serem absorvidos pela Espanha, como ocorreu com todos os outros povos ibéricos. Desde os primeiros dias de nosso fazimento estava o lusitano preocupadíssimo em marcar posses, gastando nesse esforço gerações de índios e caboclos que nem podiam compreender que nos faziam.
Meu apego apaixonado pela unidade nacional começa pela preservação desse território como a base física em que nosso povo viverá seu destino. Encho-me da mais furiosa indignação contra quem quer que manifeste qualquer tendência separatista. Acho ate que não poderia nunca ser um ditador, porque mandaria fuzilar quem revelasse tais pendores.
Outro valor supremo, e até sagrado, que quero comunicar à juventude, é o sentimento de responsabilidade pelo atroz processo de fazimento de nosso povo, que custou a vida e a felicidade de tantos milhões de índios caçados nas matas e de negros trazidos da África, para serem desgastados no moinho brasileiro de gastar gente. Nós viemos dos zés-ninguém gerados pela índia prenhada pelo invasor ou pela negra coberta pelo amo ou pelo feitor. Aqueles caboclos e mulatos, já não sendo índios nem africanos e não sendo também admitidos como europeus, caíram na ninguendade. A partir dessa carência de identificação étnica é que plasmaram nossa identidade de brasileiros. Fizeram-no um século depois, quando, através dos insurgentes mineiros, tomamos consciência de nós brasileiros como um povo em si, aspirando a existir para si.
Surgimos, portanto, como um produto inesperado e indesejado do empreendimento colonial que só pretendia ser uma feitoria. A empresa Brasil se destinava era a prover o açúcar de adoçar boca de europeu, o ouro de enricá-los e, depois, minerais e quantidades de gêneros de exportação. Éramos, ainda somos, um proletariado externo aqui posto para servir ao mercado mundial. Criá-lo foi a façanha e a glória das classes dominantes brasileiras, cujo empenho maior consistia, e ainda consiste, em nos manter nessa condição.
Foi sobre esse Povo-Nação, já constituído e levado à independência com milhões de caboclos e mulatos, que se derramou a avalanche europeia quando seus trabalhadores se tornaram descartáveis e disponíveis para a exportação como imigrantes. Os melhores deles se identificaram com o povo antigo da terra e até se tornaram indistinguíveis de nós, por sua mentalidade, língua, cultura e identificação nacional. Ajudaram substancialmente a modernizar o País e a fazê-lo progredir, gerando uma prosperidade ampliada, ainda que muito restrita, e que beneficiou principalmente aos recém-vindos.
É de lamentar, porem, que vez por outra surja, entre eles, uns idiotinhas alegando orgulhos de estrangeiridade. O fazem como se isso fosse um valor, mas principalmente porque estão dispostos seja a quebrar a unidade nacional em razão de eventuais vantagens regionais, seja a retornarem eles mesmos para outras terras, como fizeram seus avós. Afortunadamente, são uns poucos. Com um pito se acomodam e se comportam. Compreendem, afinal, que não há nesse mundo glória maior que participar da criação, aqui, da civilização bela e justa que havemos de ser.
Tal como ocorreu com nossos antepassados, hoje, o Brasil é nossa tarefa, essencialmente de vocês, meus jovens. A história está a exigir de nós que enfrentemos alguns desafios cruciais que, em vão, tentamos superar há décadas. Primeiro que tudo, reformar nossa institucionalidade para criar aqui uma sociedade de economia nacional e socialmente responsável, a fim de alcançarmos uma prosperidade generalizada a todos os brasileiros. O caminho para isso é desmonopolizar a propriedade da terra, tirando-a das mãos de uma minoria esteril de latifundiários que não plantam nem deixam plantar. Eles são responsáveis pelo êxodo rural e o crescimento caótico de nossas cidades e, consequentemente, pela fome do povo brasileiro. Fome absolutamente desnecessária, que só existe e se amplia porque se mantém uma ordem social e um modelo econômico compostos para enriquecer os ricos, com total desprezo pelos direitos e necessidades do povo.
Simultaneamente, teremos que derrubar o corpo de interesses que nos quer manter aliados, servilmente, ao mercado mundial, exigindo privilégios aos estrangeiros e a privatização das empresas que dão ser e substância à economia nacional, para manter o Brasil como o paraíso dos banqueiros. Não se trata de criar aqui nenhuma economia autárquica, mesmo porque nascemos no mercado mundial e só nele sobreviveremos. Trata-se é de deixar de ser um reles proletariado externo para ser um povo que exista por si mesmo, ocupado primacialmente em promover sua própria felicidade.
Essas lutas só podem ser travadas, com chance de vitórias, desmontando a ordem política e o sistema econômico vigentes. Seu objetivo expresso é preservar o latifúndio improdutivo e aprofundar a dependência externa para manter uma elite rural esfomeadora e enriquecer um empresariado urbano servil a interesses alheios. Todos eles estão contentes com o Brasil tal qual é. Se não anularmos seu poderio, eles farão do Brasil do futuro o País que corresponda aos interesses dos países que nos exploram.
Nestas singelas proposições se condensa, para mim, o que é substancial da ideologia política que faz dos brasileiros, brasileiros dignos. Tais são o zelo pela unidade nacional; o orgulho de nossa identidade de povo que se fez a si mesmo pela mestiçagem da carne e do espirito; a implantação de uma sociedade democrática, onde imperem o direito e a justiça para todos; a democratização do acesso à terra para quem nela queira morar ou cultivar; a criação de uma economia industrial autônoma como o são todas as nações desenvolvidas.
Eis o que peço a cada jovem brasileiro: repense estas ideias, reavalie estes sentimentos e assuma, afinal, uma posição clara e agressiva no quadro político brasileiro.

A IRRELEVÂNCIA DE UM INTELECTUAL

No seu excelente blog o Altamiro Borges cede espaço ao Professor Emir Sader, uma espécie de autonomeado defensor dos governos Lula e Dilma. No Mural do Facebook do Miro coloquei o seguinte comentário:


Ah, o Emir... Sempre pronto a tecer belos comentários sobre os pelos dos sapos. Responde ao El País como se ali houvesse um ataque ''pigueano'' contra Lula ou Dilma. Nada disso. A perplexidade dele é a de muitos de nós.

Escrevi isso porque quem lê o texto do Emir pensa que o artigo do El País fora escrito por um Larry Rother ibérico, que teria assacado comentários desairosos ao Brasil ou ao seu governo. Mas não é nada disso! O texto de Juan Arias apenas expressa o estranhamento de um outsider referente a uma questão específica, a enorme percepção de corrupção generalizada e a falta de manifestações de massa  que expressem a indignação popular a respeito. Arias é um escritor consagrado, dele li Jesus, esse grande desconhecido, obra bastante interessante. No artigo ele também exalta aspectos positivos do Brasil, como seu protagonismo no cenário econômico mundial, e por isso mesmo assinala o paradoxo de termos ainda tão graves problemas.

Como expressado em várias publicações recentes, há um sentimento na população mas ainda não há manifestações claras e organizadas para mudar isso. E por quê? Este blog arrisca um rascunho de análise:

1. Seria muito mais fácil se fosse um governo conservador. Isso porque, nesse caso, diversos setores da sociedade civil organizada não hesitariam em mobilizar seus pares. Haveria incontáveis faixas de "Fora Fulano(a)!" pelas ruas. Carros de som e panfletos a rodo.
2. Porém, muitas lideranças estão comprometidas até o pescoço com as famosas "boquinhas". Assim, morrem de medo de perdê-las se gritarem contra qualquer coisa que soe como uma atitude "oposicionista".
3. Grande parte da população indignada também percebe que as forças políticas do atraso agem com oportunismo em momentos de levantes populares, numa tentativa de recuperar o poder. Assim, há uma certa cautela bem intencionada em pessoas que não querem ver o PIG e seus asseclas pegarem carona numa eventual crise.
4. Assim, é preciso saber que manifestações desse tipo necessitam de certas condições ideais de temperatura e pressão para acontecer. É uma catarse. Pode ser manipulada, mas não gerada ao bel prazer de alguns, por mais que estes alguns estejam com a razão e sejam "do bem". E nem todos são.

Arias não conhece o Brasil como nós. Ora, tivemos um Presidente da República, sociólogo de renome, que mostrou conhecer menos o Brasil do que o torneiro mecânico que saiu de Pernambuco para São Paulo num pau-de-arara. Nós também não entendemos bem a Espanha, com suas touradas, as questões do País Basco e da Catalunha, a sensualidade olho-no-olho de seu povo. Sua (de Arias) análise é limitada, e daí? O próprio título do artigo é uma pergunta - com uma afirmação implícita, é verdade - mostrando que aquele jornalista sabe não ter as respostas.

Emir Sader devia ser aquele garoto que sempre olhava para a própria palma da mão para ver se a mesma estava amarela. Deve estar assustado com o fantasma da irrelevância. Dilma não está nem aí para ele.

Mais sobre essa questão no Viomundo e no Mentes em Liberdade. Leia também o artigo de Juan Arias e aqui o texto do Blog do Emir.

Na próxima postagem  mandarei um texto que tem tudo a ver com esse tema.

terça-feira, 19 de julho de 2011

AINDA AS MARCHAS

Na sua edição 653 (30/06) a revista Carta Capital publicou uma entrevista com o Desembargador Fausto De Sanctis. Em 13/07 enviei um post com o título "Há causas mais nobres pelas quais marchar", onde peguei carona na entrevista e reforcei a perplexidade com a falta de indignação (ao menos explícita) dos diversos setores da sociedade com questões gravíssimas da realidade brasileira. Reparem que postei meu texto duas semanas depois da publicação da entrevista. Bem, embora duvide que a redação de O Globo leia este blog, apenas três dias depois (16/07, portanto) o jornal carioca divulgou a reportagem Brasileiros saem às ruas em causas próprias, mas não contra a corrupção, onde tratam do mesmíssimo tema. Curiosamente, soube pela Christina Mendes Caldeira (do blog Mentes em Liberdade) que o MST foi uma das organizações consutadas a respeito mas suas respostas não foram publicadas. Bem, aqui vão as respostas dadas pela Marina dos Santos, da Coordenação Nacional do MST:

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção? | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Quero crer que a  quase concidência do meu post com a reportagem signifique um início de repercussão desse tema na sociedade. A ideia parece estar circulando nas mentes. Fazendo uma analogia com o que aconteceu nos países de maioria árabe da África e Oriente Próximo, lá todos sabiam da podridão dos seus regimes. Num belo dia, caiu uma gota d'água e a Roda da História tornou a girar. Acredito que será assim no Brasil. Citando Primo Levi, se não agora, quando?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Altamiro Borges: "Se dependesse da Globo, eu estaria morta"

Este é o Padrão Globo de Sacanagem.

Altamiro Borges: "Se dependesse da Globo, eu estaria morta": "Por Maria Luisa de Melo, no Jornal do Brasil : “Se dependesse da TV Globo, eu estaria morta”. A declaração da jornalista Cristina Guimarãe..."

HÁ CAUSAS MAIS NOBRES PELAS QUAIS MARCHAR

O título já entrega a opinião do blogueiro. Li a entrevista do Desembargador Fausto De Sanctis (Carta Capital 653) na qual, dentre outros assuntos, ele aborda as recentes Marchas da Maconha como exemplos do que ele chama de "estado de secessão da sociedade brasileira". Por que não Marchas pela Educação, Saúde ou Contra a Corrupção?
Na visão de De Sanctis, da qual compartilho, além dos problemas óbvios de saúde e segurança pública que podem ser gerados no vácuo de uma liberação, esta demanda é uma preocupação claramente elitista. Quem seriam os maiores beneficiários de medidas como essa?
Cena de Tropa de Elite
 O Capitão Nascimento sabe muito bem. Numa das cenas mais lembradas do primeiro Tropa de Elite (neste compacto do filme é logo a primeira) ele pergunta a um usuário quem havia matado um traficante que o Bope tinha acabado de executar. O "estudante" diz que foram os policiais e leva mais uma saraivada de tapas do revoltado capitão, que repete entre tabefes e palavrões: "Foi você! Foi você!"
Enquanto as escolas estão aos pedaços, a corrupção rola solta, milhões são torrados para fazer a Copa do Mundo, bebês morrem em berçários que parecem chiqueiros, dois novos estados estão prestes a serem criados, etc., etc., o que vemos nas ruas? Marcha pela legalização da maconha! Passeata de orgulho gay! Me lembrei de uma música dos anos 70, do gente boa Silvio Brito:
TÁ TODO MUNDO LOUCO!
Quem lê este blog sabe que minhas posições políticas são progressistas. Sou absolutamente contrário à discriminação contra GLBTs e quaisquer outros grupos humanos, tirando nazistas e similares que não merecem pisar a face da Terra. Também compreendo a necessidade de enfrentamentos alternativos para a questão das drogas. Essas passeatas poderiam até estar acontecendo, mas em meio a outras relacionadas a questões muito mais críticas para todos, inclusive os grupos representados nesses movimentos!

Precisamos refletir sobre onde colocamos nossas energias mobilizadoras.




sábado, 9 de julho de 2011

Quem não paga trabalhador não tem dinheiro estatal

A partir da promulgação desta lei, vale para as pendências trabalhistas o mesmo que já valia para as previdenciárias. Excelente medida. Dar calote em trabalhador não é só uma "irregularidade". Privar alguém do fruto do suor de seu rosto é uma inconcebível falta de respeito. Clique no título para ler a matéria do Tijolaço.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SOBRE REFINARIAS

Maquete do COMPERJ, em construção em Itaboraí .
O Brizola Neto (através de seu ghostwriter Fernando Brito) chama a atenção para uma questão estratégica: investir em refino ou exportar petróleo cru? Antigamente dizia-se que os três melhores negócios do mundo eram: uma refinaria bem administrada, uma medianamente administrada e uma mal administrada. Isso já virou balela há muito tempo. As margens de lucro da extração do petróleo são hoje muito superiores às do refino. Por isso as empresas estrangeiras só se interessam pelo setor de E&P, deixando o refino na prática sob monopólio da Petrobras. Esta, por sinal, recuperou o controle total da REFAP junto à Repsol (revertendo em parte uma das negociatas da era FHC) e constrói hoje 4 refinarias, além de ampliar as existentes. O paradoxo é que o petróleo cru de nada serve. As novas unidades permitirão que refinemos nosso óleo e gás para consumo interno ou exportação de derivados. Esta última opção, contudo, dependerá dos preços destes derivados nos países compradores, pois em todo o mundo há refinarias - algumas muito antigas e com investimentos já amortizados - que concorrerão com as nossas. Poderemos levar vantagem na qualidade dos nossos produtos, pois nosso petróleo já tem baixo teor de enxofre, facilitando o tratamento das correntes.

Mas será interessante refinar todo o óleo produzido? Ou, por outro lado, será interessante extrair todo o óleo disponível? Minha modesta opinião é: devemos produzir óleo e gás nas vazões necessárias para atender o consumo interno com um pequeno excedente para exportação (é comum precisarmos de algum petróleo importado para aplicações específicas ainda não atendidas pelo nacional, como produção de lubrificantes). Exportação de derivados é uma perspectiva atraente mas não se pode ficar atrelado a isso pelo já disposto acima. Grandes excedentes de óleo para exportação gerarão divisas, tributos e empregos, mas principalmente lucro fácil para os produtores. Precisamos ser prudentes para não secarmos os poços antes da hora.

Abaixo, a matéria do Tijolaço:

E nas refinarias, ninguém quer investir?

sábado, 2 de julho de 2011

Náufrago da Utopia: DILMA, DEMITA O JOBIM!

No título você poderá ler o incisivo texto publicado pelo Náufrago da Utopia. Neste blog, antes mesmo da posse de Dilma Roussef, já defendíamos a defenestração desse verdadeiro "líder do governo FHC" no ministério.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DIVISÃO DO PARÁ

O TSE marcou para 11/12 o plebiscito sobre a divisão do Pará em 3 novos estados. A região de Belém permanece como Pará e surgem Tapajós e Carajás. Todos já sabemos o que isso significa de ruim: mais 6 senadores, 2 governadores, outros tantos deputados, toda aquela máquina pública, boquinha que não acaba mais...
Crédito do Infográfico: O Globo

Haverá algo de bom? Talvez. Pode haver maior atenção a certas regiões, maior representatividade dos respectivos legislativos, quem sabe maior atenção aos conflitos no campo. Só que existe uma solução imensamente mais barata para o erário!

TERRITÓRIOS FEDERAIS!

Acre, Rondônia, Amapá e Roraima já foram territórios. Só viraram estados após um longo período de maturação. Isso não os transformou em "Califórnias", mas certamente o processo foi mais coerente, pois uma UF não é só um desenho no mapa, precisa ter identidade. Caso o território se mostre inviável, pode ser (re)absorvido pelo estado de origem ou outro, como aconteceu com Fernando de Noronha e Ponta Porã. Como Territórios Federais, teriam estrutura bem mais enxuta e gestão controlada pelo Governo Federal. Por se tratar de região sensível - Floresta Amazônica, fronteiras, terras indígenas, rotas de tráfico, riquezas minerais e biológicas, os já mencionados conflitos agrários, etc.- prefiro que, por enquanto, quem mande lá seja a Presidência da República.

Em tempo: Belo Monte fica lá!
Crédito: Blog Mirakatu