quarta-feira, 20 de julho de 2011

A IRRELEVÂNCIA DE UM INTELECTUAL

No seu excelente blog o Altamiro Borges cede espaço ao Professor Emir Sader, uma espécie de autonomeado defensor dos governos Lula e Dilma. No Mural do Facebook do Miro coloquei o seguinte comentário:


Ah, o Emir... Sempre pronto a tecer belos comentários sobre os pelos dos sapos. Responde ao El País como se ali houvesse um ataque ''pigueano'' contra Lula ou Dilma. Nada disso. A perplexidade dele é a de muitos de nós.

Escrevi isso porque quem lê o texto do Emir pensa que o artigo do El País fora escrito por um Larry Rother ibérico, que teria assacado comentários desairosos ao Brasil ou ao seu governo. Mas não é nada disso! O texto de Juan Arias apenas expressa o estranhamento de um outsider referente a uma questão específica, a enorme percepção de corrupção generalizada e a falta de manifestações de massa  que expressem a indignação popular a respeito. Arias é um escritor consagrado, dele li Jesus, esse grande desconhecido, obra bastante interessante. No artigo ele também exalta aspectos positivos do Brasil, como seu protagonismo no cenário econômico mundial, e por isso mesmo assinala o paradoxo de termos ainda tão graves problemas.

Como expressado em várias publicações recentes, há um sentimento na população mas ainda não há manifestações claras e organizadas para mudar isso. E por quê? Este blog arrisca um rascunho de análise:

1. Seria muito mais fácil se fosse um governo conservador. Isso porque, nesse caso, diversos setores da sociedade civil organizada não hesitariam em mobilizar seus pares. Haveria incontáveis faixas de "Fora Fulano(a)!" pelas ruas. Carros de som e panfletos a rodo.
2. Porém, muitas lideranças estão comprometidas até o pescoço com as famosas "boquinhas". Assim, morrem de medo de perdê-las se gritarem contra qualquer coisa que soe como uma atitude "oposicionista".
3. Grande parte da população indignada também percebe que as forças políticas do atraso agem com oportunismo em momentos de levantes populares, numa tentativa de recuperar o poder. Assim, há uma certa cautela bem intencionada em pessoas que não querem ver o PIG e seus asseclas pegarem carona numa eventual crise.
4. Assim, é preciso saber que manifestações desse tipo necessitam de certas condições ideais de temperatura e pressão para acontecer. É uma catarse. Pode ser manipulada, mas não gerada ao bel prazer de alguns, por mais que estes alguns estejam com a razão e sejam "do bem". E nem todos são.

Arias não conhece o Brasil como nós. Ora, tivemos um Presidente da República, sociólogo de renome, que mostrou conhecer menos o Brasil do que o torneiro mecânico que saiu de Pernambuco para São Paulo num pau-de-arara. Nós também não entendemos bem a Espanha, com suas touradas, as questões do País Basco e da Catalunha, a sensualidade olho-no-olho de seu povo. Sua (de Arias) análise é limitada, e daí? O próprio título do artigo é uma pergunta - com uma afirmação implícita, é verdade - mostrando que aquele jornalista sabe não ter as respostas.

Emir Sader devia ser aquele garoto que sempre olhava para a própria palma da mão para ver se a mesma estava amarela. Deve estar assustado com o fantasma da irrelevância. Dilma não está nem aí para ele.

Mais sobre essa questão no Viomundo e no Mentes em Liberdade. Leia também o artigo de Juan Arias e aqui o texto do Blog do Emir.

Na próxima postagem  mandarei um texto que tem tudo a ver com esse tema.

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