quarta-feira, 14 de agosto de 2013

OPINIÃO DO BLOG - OS CIEPs e as UPPs

Quando Leonel Brizola e Darcy Ribeiro implantaram o Programa Especial de Educação, cujo maior símbolo eram os Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, logo apelidados de "Brizolões", houve reações de todo tipo. Desde os que defendiam incondicionalmente o projeto àqueles que o execravam. Uns viam nele a redenção das populações mais humildes, enquanto outros o consideravam apenas uma peça de propaganda para levar o então governador à Presidência da República. Isso foi há 30 anos e o blogueiro acompanhou bem todo o processo. Como sempre, as opiniões extremas eram, no mínimo, equivocadas. Os CIEPs não eram perfeitos: nem todos funcionavam tão bem; o projeto de Oscar Niemayer era prático na construção, dava acessibilidade quando isso ainda era raro, mas não tinha conforto térmico e uma sala barulhenta era ouvida no andar inteiro; a capacitação dos professores não correu como deveria, etc. Era, porém, uma mentira deslavada a afirmação de que só eram instalados em locais bem visíveis, pois conheci vários em áreas bem "escondidas". O conceito era maravilhoso: tempo integral, estudo assistido, assistência médico-odontológica, biblioteca, participação da comunidade, etc. O programa foi, porém, boicotado por todos os lados - professores que não queriam trabalhar, elites que não admitiam escolas de qualidade para os "neguinhos" e, é claro, os adversários políticos. Os petistas chegavam a dizer que "escola não é creche"! Que cidade, estado ou país teríamos se o PEE tivesse sido mantido, aperfeiçoado, desenvolvido, como uma política de Estado? Nunca saberemos, porque foi sim sabotado, destruído, desfigurado, mas tenho certeza que seria melhor do que isso que está aí.
E as UPPs? Ora, vemos todos os dias que a realidade das comunidades "pacificadas" (uma falácia, pois nem no asfalto a cidade é "pacífica") ainda é muito dura. A brutalidade prossegue, como nessa chacina recente na Maré. Os serviços públicos ainda são extremamente precários, quando existem. Falar em "infraestrutura" é uma piada de mau gosto. E, para completar o quadro, temos um governo estadual absoluta e merecidamente desmoralizado. Então é pra acabar com as UPPs? Claro que não, a reocupação dos territórios ocupados pelo tráfico tem que ser, como a Educação, uma política de Estado, independentemente de quem esteja no Palácio Guanabara. Há muito a ser corrigido, sim, mas andar para trás não é correção, é capitulação. Acabemos com a "Cidade Partida". Sejamos indignados com toda injustiça, sem olhar a classe social da vítima. Estamos todos no mesmo Rio.