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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
De Darcy Ribeiro, em 1986:
"Niemayer é o único brasileiro que será conhecido no ano 3000."
De Dilma Roussef, em 2012:
“A
gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”, dizia Oscar
Niemeyer, o grande brasileiro que perdemos hoje. E poucos sonharam tão
intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele. A sua história
não cabe nas pranchetas. Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma
nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva.
Da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades.
Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária.
“Minha
posição diante do mundo é de invariável revolta”, dizia Niemeyer. Uma
revolta que inspira a todos que o conheceram. Carioca, Niemeyer foi, com
Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o
eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais
cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos
Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre
outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança. O
Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia
de saudar sua vida."
Que o Brasil necessita de uma ampla reforma política até as pedras das calçadas sabem. Mas, antes de saber como empreendê-la, dado o óbvio interesse da classe política em manter o status quo, a sociedade civil precisa chegar a uma pauta mínima, de razoável consenso. Aqui, utópica e pretensiosamente, divulgo o que penso neste momento em que escrevo, e desde já aviso que posso mudar amanhã, afinal sou teimoso mas não dono da verdade. Não coloquei, para não torrar o texto longo, as justificativas de cada proposta. Essas serão geradas à medida em que meus 21 leitores se manifestarem.
Do Ibiapina News
1. Voto Distrital para Vereadores e Deputados Estaduais - Os limites dos distritos seriam definidos com base no número aproximado de eleitores, de modo que cada parlamentar fosse eleito com aproximadamente o mesmo número de votos. Isso valeria para todo o território nacional, assim um vereador em São Paulo seria eleito com cerca do mesmo número de votos de um colega seu em Marabá. Um Distrito Estadual seria obrigatoriamente formado pela aglutinação de Distritos Municipais.
2. Voto com Proporcionalidade Nacional para Deputados Federais - Os candidatos continuariam sendo votados apenas em seus Estados (valendo a UF toda como distrito), mas o coeficiente eleitoral seria nacional, tornando a representação na Câmara dos Deputados de fato proporcional à votação nacional dos partidos.
3. Criação das Eleições Nacionais e Regionais - Renovação integral do Senado Federal a cada 4 anos com dois representantes por UF eleitos no mesmo ciclo que Deputados Federais e Presidente (Eleições Nacionais). Dois anos após as Eleições Nacionais teríamos as Eleições Regionais, onde seriam escolhidos Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos e Vereadores.
4. Criação da Lei de Viabilidade Fiscal para Municípios - São criadas as Federações de Municípios, permitindo que aqueles com recursos insuficientes para manutenção dos serviços básicos, tais como educação e saúde, possam se associar para, por exemplo, construir e administrar um hospital. A criação destas Federações seria aprovada por plebiscito ou referendo e seria permitido que ocorresse, em regiões limítrofes, também entre municípios de estados diferentes. Seria permitido, igualmente por meio de plebiscito, a fusão dos municípios de uma mesma Federação, neste caso somente incluindo aqueles do mesmo Estado.
5. Controle da Desincompatibilização para os Parlamentos - Deputados e Vereadores poderiam se desimcompatibilizar dos cargos para os quais foram eleitos apenas uma vez, sob pena de perda do mandato e impedimento de disputa do pleito subsequente. Caso o afastamento seja solicitado menos de dois anos após a eleição a perda do mandato será definitiva, também com impedimento de disputa do mandato subsequente.
6. Fim da Suplência para o Senado - Em caso de vacância do cargo de Senador deverá ser convocada nova eleição para o cargo, salvo quando faltar menos de um ano para a nova eleição. Neste caso o Governador do Estado indicará o substituto dentre os membros da Camara Federal do seu Estado e do mesmo partido do antecessor.
7. Financiamento das Campanhas - Público com verba fixa e igual por distrito. Limitação do número de candidatos por distrito com cota mínima de 40% por gênero. Proibição de carros de som e propaganda de rua, salvo comícios, panfletagens e debates públicos. Propaganda na TV e Rádio somente pelas inserções periódicas e igual para todos os partidos. É indispensável haver Cláusula de Barreira.
Bem, certamente há mais do que tratar numa Reforma Política, mas tenho mais o que fazer do que ficar aqui escrevendo. Aguardo sua contribuição para o debate!
É claro que, como cidadão carioca, fiquei feliz com o título de Patrimônio Mundial da Humanidade concedido pela UNESCO, mas eu vou usar este espaço para dizer algo óbvio, mas que precisa ser repetido. Esta cidade precisa de muito mais para ser de fato maravilhosa. Das maravilhas citadas no ato da premiação, temos "... o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do
Flamengo, o Jardim Botânico e a famosa praia de Copacabana, além da
entrada da baía de Guanabara. As belezas cariocas incluem o forte e o
morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e
a enseada de Botafogo".
É lindo mesmo.
Tudo na Zona Sul, com a exceção da Floresta, que fica numa das "fronteiras" dessa cidade partida zueniriana. Podemos relatar uma ou outra omissão injusta nessa lista, porém no geral a cidade é agressiva para quem não mora nos "bairros nobres". Moro em Jacarepaguá, que ainda tem seus encantos (há um grande esforço para acabar com eles), mas cresci em Cascadura, onde a vida não melhorou nada nos últimos 40 anos.
Cascadura, "terra natal" do blogueiro.
Acari, Madureira, Bonsucesso, Realengo, Anchieta, Irajá, Marechal Hermes... Poderia citar muitos desses bairros que também fazem a identidade do Rio e que quase sempre ficaram largados. A cidade não seria verdadeira sem eles. O Rio seria insosso somente com a Zona Sul, acreditem. O que precisamos é espalhar essa beleza, pois o potencial existe. E, agora oficialmente, não somente o povo carioca, mas o mundo agradecerá.
A Globo insiste em negar a História, ou melhor, em afirmar sempre a sua versão. No caso do Campeonato Brasileiro de Clubes, agora criou até uma "Linha do Tempo" (coisas dessa era de Facebook) onde insiste em começar a contagem a partir de 1971:
No final do ano passado houve um debate (?!) onde ficou muito clara a teimosia dos jornalistas-empregados da Globo. Recomendo que assistam ao vídeo abaixo e, se possível, leiam o livro ali divulgado.
Já escrevi há tempos, antes de sequer saber o que era um blog, e muito antes da unificação oficial dos títulos, que o 1º Campeão Brasileiro foi o Bahia com a conquista de 1959. O "começo" do Brasileirão em 1971 foi (mais) uma ideia da ditadura para capitalizar o recém-conquistado 3º título mundial da Seleção Brasileira (equivocadamente chamado de "tri") com um "novo" campeonato que de novo não tinha nada. Já de olho na FIFA, João Havelange preparava o terreno para seu sucessor, o Almirante Heleno Nunes (isso mesmo, um militar) a quem se atribuiria a expressão "Onde a ARENA vai mal, um time no Nacional". Tudo manipulação do regime que incharia o Brasileirão até o absurdo deste abrigar quase 100 clubes.
E quem foi a grande porta-voz da ditadura senão a "Vênus Platinada"? Roberto Marinho mandava e desmandava no Brasil e defendia com todas as energias os governos dos generais-presidentes. Ao teimar em negar a história do Brasileirão antes de 1971 a Globo na verdade defende sua próprias posições históricas. Parafraseando Nelson Rodrigues, se os fatos a desmentem, pior para os fatos.
Naturalmente, tais posicionamentos da nossa maior empresa de mídia não se aplicam apenas ao futebol.
Tino Marcos é um bom repórter. Mas é empregado da Globo e, como todo trabalhador, depende do seu salário. Com a matéria apresentada no Jornal Nacional sobre a mais que tardia saída de Ricardo Teixeira da CBF provavelmente viveu o pior momento de sua bela carreira. Uma campanha publicitária não ficaria melhor. Verdadeira homenagem, repleta de citações sobre os muitos títulos conquistados nos seus 23 anos de mandato, como se fosse alguma proeza a Seleção Brasileira ganhar duas Copas do Mundo em seis disputadas e voltar a vencer a Copa América depois que passou a disputá-la com o time principal.
O legado de Ricardo Teixeira.
Continuamos sem nenhum título olímpico, nossos clubes permanecem falidos (apesar dos supersalários) e a pilantragem rola solta, com pelo menos um Campeonato Brasileiro - o de 2005 - vencido na base da roubalheira. Nossos estádios são um horror. O futebol feminino passa fome. A arbitragem brasileira é das piores do mundo. Taticamente estamos beirando a indigência.
Se não for para a cadeia, que RT vá pelo menos para o lixo da história, encerrando definitivamente a maldita dinastia havelange no futebol brasileiro - assim, com minúsculas mesmo.
Romário disse que se extirpou um câncer. Pois bem, agora é tratar as metástases.
Este vídeo da União Europeia (já retirado do ar) deve ser assistido porque enseja reflexões interessantes sobre diversas manifestações de preconceito, dentre elas o racismo. Uma interpretação que sugiro, que muitos acharão ingênua, é de que o preconceito nos prega peças.
Houve há tempos uma série de comerciais da Fiat que abordou esse tema com muita inteligência. O bordão era: "Está na hora de você rever os seus conceitos." Num deles, para mim o melhor, uma mulher branca vê a amiga no banco traseiro de um carro dirigido por um negro e "elogia" a sua "prosperidade" por estar "até com motorista", e aí leva a real: "Não, amiga, eu só casei.". Então a câmera fecha no colo dela mostrando um bebê de pele escura.
A União Europeia pediu desculpas alegando que o propósito do vídeo era fraterno, de que a UE seria mais forte absorvendo novas culturas. Mas o preconceito é tão arraigado que "atravessou" a produção e ficou escancarado. Haveria muitas outras maneiras de expressar essa ideia, não é verdade?
Com segurança não se brinca é um lema válido para toda a indústria. Mas está claro que, ao menos no Brasil, está longe de ser levado a sério por empresários do ramo de parques de diversões e autoridades que deveriam fiscalizá-los. Aliás, também por alguns pais ou responsáveis (?) que devem achar "bonitinho" ver um adolescente pilotar um veículo que pode matar.
Num intervalo de poucos dias, duas tragédias: duas jovens vidas ceifadas pela irresponsabilidade. No caso do acidente no parque Hopi Hari, em Vinhedo (reportagem da Band Newsaqui), um brinquedo de altíssimo risco (o tal "elevador", conhecido aqui no Rio como "cabum") não funcionou corretamente causando a morte de uma menina de 14 anos. Há vários acidentes desse tipo relatados no país, como mostra a matéria da Band News. Já em Bertioga, balneário paulista, uma menina de 3 anos foi morta por um jet ski pilotado por um garoto de 13 - ver cobertura do SRZD aqui.
Trabalho na indústria do petróleo, portanto numa atividade de risco. Para evitarmos acidentes pessoais, ambientais e patrimoniais somos permanentemente treinados e adotamos diversos protocolos de segurança. Dentre eles, um dos mais importantes é a manutenção dos equipamentos. Esta não se limita, como alguns podem pensar, a simplesmente "consertar" algo que quebra. Existem inspeções periódicas e testes aos quais os dispositivos são submetidos. E há redundâncias para que, caso um componente importante falhe, um outro execute a sua função - em outras palavras, nas atividades mais críticas há mais de uma linha de defesa, o que chamamos no nosso meio de "camada de proteção".
Evidentemente, no acidente do parque, o sistema de defesa foi incapaz de evitar a queda da menina. Será um brinquedo como esse seguro o suficiente para ser utilizado por crianças e outras pessoas sem treinamento? Haverá pessoal realmente qualificado trabalhando na sua manutenção? Ou apenas aquele famoso "cara que assina" e nunca aparece? Em outras palavras, é viável haver um "brinquedo" como esse em território nacional, dadas as conhecidas condutas dos brasileiros em geral no quesito segurança?
Arremato com o terrível acidente da menina na praia. Esse mostra a outra face da nossa triste realidade nesse campo. O enorme desprezo pelas regras ou, mais importante, a total falta de respeito pela vida. Quem já pilotou um jet ski sabe que se trata de uma máquina "nervosa", de aceleração muito rápida, como uma moto muito potente. Nunca pode ser usado junto à praia e, é claro, somente deve ser conduzido por pessoas habilitadas. Uma das salvaguardas é uma corda que prende a chave ao pulso do condutor. Como as quedas são comuns, nesses casos é desligado o acelerador e o aparelho fica se movendo lentamente em círculos, permitindo que o condutor suba novamente com facilidade. Aqui, é claro que não havia "pessoa habilitada" no comando, afinal se tratava de um adolescente. Quem entregou aquela máquina a esse menino fez o mesmo que alguém que deixa uma criança brincar com um revólver carregado.
Essas são as duas facetas da mesma moeda sinistra que destroi tantas vidas em nosso país. De um lado a falta de condições adequadas para os equipamentos funcionarem. Do outro o mau comportamento do brasileiro em situações de risco. Ambas nos mostram que ainda estamos longe de ter a Vida como Valor.
O Jardim Guanabara é o "Bairro Nobre" da Ilha do Governador, no Rio. Tudo aponta para mais um crime de agressão gratuita (chamado nos EUA de hate crime - crime de ódio) "motivado" por total falta de respeito pelo ser humano. Jovens de classe mé(r)dia, como os que incendiaram o índio em Brasília ou os que agrediram a trabalhadora doméstica na Barra da Tijuca.
Falta de respeito alimentada pela falta de consequências para seus atos, afinal paipai e mãemãe hão de arregimentar os contatos de sempre: aquele juiz que é pai do coleguinha de escola, o político que mora no mesmo condomínio e outros especialistas em tráfico de influência, além é claro dos advogados. Tutto per la famiglia.
O texto abaixo foi escrito por mim um dia após a morte de Brizola e publicado no saite da revista Caros Amigos. Publico neste blog celebrando os 90 anos de seu nascimento que se completam neste dia 22/01.
O ano era 1982, eu tinha quase dezessete anos. Estava entrando na
Biblioteca Nacional, centro do Rio, para fazer uma pesquisa sobre explosivos.
Mas o som bombástico veio do outro lado da rua. Num palanque tosco, montado à
frente da Câmara Municipal, discursavam militantes políticos de um partido
nascente, diante de uns cem aguerridos e curiosos. Um nome se repetia em todas
as falações: Leonel de Moura Brizola.
Não, naquele dia não fiquei, fiz minha pesquisa e fui embora. Mas eu
vira a marola que antecedera uma onda. Poucas semanas depois, lá estava eu
empolgado com o crescimento da candidatura ao Governo do Estado daquele líder
que voltara há menos de três anos do exílio, e que no início me parecera apenas
uma figura exótica. Não pude votar naquela época, não havia o voto aos 16. Mas
panfletei, fui a debates, comícios, colei adesivo em tudo quanto era lugar,
discuti nas ruas, nos bares, nos ônibus, não fiz pichação mas morri de inveja
de quem fez. "Brizola na Cabeça e no Coração", era o lema. Calculo
que consegui pessoalmente uns 50 votos. Para dar uma noção do envolvimento, meu
pai era candidato a vereador em Angra dos Reis, mas pelo PMDB (nem poderia ser
pelo PDT, o partido ainda não existia lá) e eu fiz muito mais a campanha de
Brizola do que de meu pai que, graças a Deus, não brigou comigo, afinal eu
morava em outra cidade e ele acabou gostando de não ter sido eleito. O último
comício daquela campanha foi no mesmo lugar do primeiro, o que vi das escadarias
da Biblioteca. Só que dessa vez havia mais de cem mil pessoas na Cinelândia.
Ganhamos a eleição? Não, ele ganhou sozinho, nós só o seguimos. Não havia
dinheiro, o partido não estava organizado na maioria dos municípios, havia três
candidatos fortíssimos (Miro, Moreira e Sandra), todos com muito mais dinheiro
e apoio da mídia. Mas deixaram o homem falar... Aí não teve pra ninguém, nem a
fraude na apuração segurou a fera.
Foram várias campanhas, comícios
maravilhosos, mais derrotas que vitórias, fui militante durante dez anos e,
bem, eu também um dia me afastei politicamente do Engenheiro, cansado do seu
método (ou de sua falta de) de fazer política. Não, não entrei no PT, estive
perto, mas sempre achei meio estranha a postura daquele pessoal. Faltava neles
a paixão, o tesão, o nacionalismo sem-vergonha, a identidade brasileira, a cara
de povo que eu vira nos (efêmeros) tempos áureos do PDT. Hoje, essas diferenças
estão mais fáceis de entender, até porque vários dos petistas históricos
encontram-se tão perdidos quanto eu, que não consegui deixar de ser
trabalhista, e o trabalhismo ainda é muito mais histórico que o petismo. Acontece
que essa perplexidade perante o governo Lula não haveria com Brizola,
simplesmente porque todos sempre soubemos como ele era, ele sempre pôs a cara a
tapa, nunca se escondeu atrás de postos honoríficos ou simbólicos. Seu relativo
desprezo pelos cargos legislativos se explica porque logo ele, um mestre da
oratória, não se interessava em discursar, queria agir, e a caneta de executivo
lhe fascinava muito mais do que o púlpito do parlamentar.
Falam muito dos
muitos erros de Brizola, que ele tinha boas intenções, mas poderia ter feito
assim, ter feito assado... Falta afirmar que o que criou obstáculos para
Brizola e o afastou do poder não foram seus erros, mas suas prioridades. As
Crianças e a Educação eram sua obsessão, era nesse caminho que ele via a
salvação do País. E isso incomodou demais. Das elites à classe
"mérdia", corriam murmúrios de assombro pela possibilidade daqueles
"neguinhos" terem as mesmas oportunidades que eles. Ele foi o único
político de relevo na nossa história a bater de frente com o sistema Globo, e o
nascedouro desse confronto não foram as posições políticas conservadoras do seu
proprietário, mas quando o Roberto Marinho disse a ele que esse negócio de
escola integral não era para todo mundo. Aí o homem ficou bravo!
Dizem que ele era uma raposa política. Menos para si próprio. O
homem enxergava muito longe, tão longe que não via os traíras que o cercavam, a
não ser quando era tarde demais. Cansou de ir contra o senso comum, para só
muito tempo depois os fatos confirmarem as suas teses. Nunca optou pelo que era
mais conveniente, mas sim pelo rumo que sua consciência indicava. A frase
"Brizola tinha razão" só não foi mais repetida por vaidade dos
"sabidos" que pensam que são sábios. Se jogasse futebol, Brizola
seria centroavante, daquele trombador, para quem não existe bola perdida. Que,
de cara pro goleiro, chuta na arquibancada e depois faz um gol sensacional, e a
galera adora e odeia ao mesmo tempo. Se fosse um super-herói, seria o
Demolidor, um cego que vê mais que quem enxerga, que mora num bairro pobre e
todo mundo conhece a identidade secreta, que prefere ser advogado dos
desvalidos e não dos abonados.
Não fiquei tão triste com sua morte. Ela vem
para todos, e o atingiu ainda lúcido, lutando, embora politicamente vencido.
Tinha que ser do coração, que o norteou muito mais do que o cérebro, e já devia
estar muito cansado. Como Paulo, combateu o bom combate, perseverou na luta,
manteve a fé. Do outro plano (ele sempre estará do nosso lado), tenho certeza
que continuará lutando pelas suas crianças, nós todos que vivemos nesse grande
orfanato chamado Brasil. Não deixa herdeiros legítimos e de vulto, mas seu
legado não será abandonado. Talvez a pessoa que mais encarne hoje esse
"Homo Guerreirus" que foi Brizola seja a senadora Heloísa Helena, mas
ainda é muito cedo para afirmar isso.
Falta ainda dizer que meu Rio de Janeiro
vive numa violência tão grande, e os sacanas e ignorantes dizem que foi porque
o Brizola "liberou geral" as drogas e o crescimento das favelas. O
que ele fez foi dizer que os pobres tinham que ser tratados como cidadãos, que
todos mereciam as mesmas oportunidades. Com todos os equívocos que possa ter
havido, se o Programa Especial de Educação (o dos CIEPs, ou
"Brizolões") tivesse sido mantido e aprimorado, e não destruído,
viveríamos numa Cidade e num Estado muito mais felizes. Brizola foi sempre
sabotado, pela esquerda arrogante e pela direita raivosa. E, infelizmente, o
mesmo povo que ele sempre defendeu muitas vezes cai na conversa desses
malandros, no mau sentido. Observem que não falei nada de Cadeia da Legalidade,
das encampações dos grupos econômicos estrangeiros, enfim, das lutas dele no
período pré-anistia. Não foi de propósito, mas ficou melhor assim, afinal de
contas dessa época muitos falaram e vão falar, e eu preferi contar um pouco do
Brizola que vi e vivi, não do que me contaram.
Muito Obrigado, Leonel Brizola!
Um grande abraço para a Dona Neusa, o Darcy, o Jango, o Getúlio e tantos outros
que certamente prepararam um belo churrasco para você!
A nota de corte estabelecida supera a nota máxima possível no ENEM. Portanto, somente candidatos beneficiados por alguma ação afirmativa poderiam ingressar neste curso por este processo. Isso parece uma tremenda injustiça.
Será? Vejamos.
Neste ano o SISU preencherá somente 20% das vagas de Medicina da UFF. As demais serão pelo Vestibular, onde os alunos das escolas privadas e federais poderão buscar suas oportunidades. No próximo ano o SISU responderá por 100% das vagas, e neste caso a nota de corte não poderá ser a aplicada neste ano, sob pena de eliminar estudantes dos quais a Universidade necessita e que merecem o ingresso.
Dentre os detratores do ENEM e do SISU vemos bobagens como esta, onde o autor mistura o desempenho dos cotistas antes do ingresso na Universidade com o deles durante e após o curso. Ignorância, deslize ou maldade?
Mas também veremos histórias felizes, onde estudantes mais humildes e dignos de apoio foram beneficiados pelo mesmo sistema.
Quem realmente se dá mal?
O aluno da escola privada mediana. Quem (falo de escolas do Rio de Janeiro) estuda em instituições privadas como o São Bento e o Cruzeiro, em públicas como o CEFET e o IFRJ ou militares como o Naval e o CM, todos "excluídos" das ações afirmativas, tem nas próprias mãos as chances de conquistar uma boa colocação. Os melhores das públicas "comuns", com o "nitro" das cotas, se juntam aos anteriores. Quem, contudo, vem das milhares de escolas privadas de "segundo escalão", aqueles cujos pais ganham pouco mas, com grande sacrifício, conseguem pagar uns R$ 500,00 de mensalidade, sem contar o roubo dos caríssimos livros didáticos (quem me explicar como pode um livro de Matemática do 9º ano, descartável, custar mais que um de Cálculo - que pode ser usado por 20 anos ou mais - ganha uma mariola deste blogueiro) e as tais "taxas de material".
Esses estão solenemente, com o perdão da palavra, fudidos. Se a intenção é
forçar o ingresso nas públicas, pode até funcionar. Mas minha mãe, em 1974, me
tirou da pública para uma privada "mais ou menos" para que eu tivesse
condições mínimas de estudo. O colégio onde estudei da 3ª à 8ª séries não era
(não é, ainda funciona) nada demais. Mas tive ali um ambiente melhor, salas e
banheiros limpos, alguma (não muita) disciplina - enquanto meus amigos que
continuaram na "EP" só me relatavam bagunça, decadência... Sei que
nem todas eram nem são assim, inclusive uma em que estudei, a Nicarágua, em
Realengo (não fiquei nela porque mudamos de bairro), mas em regra o que se via
eram salas depredadas, falta de professores, água, energia e até esperança.
O blogueiro não tem agora uma resposta para esta situação, mas pensa que
esse povo precisa ser considerado nas seleções futuras, pois a rede pública
simplesmente não tem capacidade para absorver um eventual êxodo do setor
privado.
Na minha opinião a tese apresentada em Carta Capital tem como ponto mais fraco o conceito de um acordo de cúpula. Para defenestrar o PMDB do poder é preciso enfrentar sua maior força, que é a capilaridade: elegeu 1203 prefeitos em 2008, praticamente a soma de PT e PSDB.
É claro que parte dessa penetração tem vínculo com instâncias superiores, principalmente governos estaduais e senadores, dentre estes o pilantra-mor acadêmico bigodudo. Mas o câncer do clientelismo/coronelismo políticos se alimenta das pequenas safadezas diárias que têm como principais agentes o "baixo clero" que atua no âmbito municipal. Para matar de fome o tumor deve-se cortar os vasos sanguíneos que o sustentam. E isso passa fundamentalmente pela educação política da população. Afinal, como bons fisiológicos, os PMDBistas "desamparados" migrariam rapidamente para o novo "sócio" do poder, seja o PSD ou qualquer outra sigla.
Agora há pouco compartilhei no FB um vídeo onde a deputada carioca (e também uma famosa radialista) Cidinha Campos protesta indignada com a cara de pau de um notório corrupto de se candidatar a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.
Sabe de quem é a culpa de canalhas como esses estarem onde estão?
NOSSA!
Não é suficiente você votar. Deve votar bem. Não é suficiente votar bem. Você deve apoiar o bom político na sua luta. Não é suficiente apoiar. Você deve fiscalizar. A Democracia exige muito mais do que apenas um ato protocolar a cada dois anos. Neste ano já tivemos um plebiscito no PA e teremos eleições municipais em todo o país. Em hipótese alguma vote num FDP. Se não conhecer nenhum candidato confiável (eles e elas existem, acredite!) anule o voto. Ajude a denunciar os FDPs para que incautos não votem neles. E seja honesto(a) em todos os seus atos. A corrupção se alimenta de cada pequena safadeza diária.
Não estamos numa democracia ideal, mas o tempo da ditadura passou e hoje quem coloca ou tira essa corja dos plenários somos nós, cidadãos.
Há pilantras em praticamente todos os partidos. Portanto, selecione muito bem em quem vai votar. Certamente você encontrará, dentro de sua preferência ideológica, alguém que mereça seu voto.