sexta-feira, 4 de novembro de 2011

OPINIÃO DO BLOG: A USP, A PM E A MACONHA


Nesses episódios relacionados com os recentes conflitos na USP vemos as mais disparatadas análises. Li, em meio a legítimas manifestações de membros da comunidade uspiana, um texto algo exagerado de um articulista do Papo de Homem (saite que curto bastante) e um "belíssimo" exemplo de febeapá proporcionado pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos que insistem em tratar os usuários de maconha como personagens inocentes da violência do tráfico.

Paulo repete um velho argumento ao atribuir a violência exatamente à proibição, numa anacrônica analogia com a "Lei Seca" dos EUA, que deu enorme fôlego à Máfia. Como muitos desses teóricos, ele provavelmente não percorre as ruas. Se o fizesse, veria que númeras atividades lícitas são hoje foco de organizações criminosas. Apenas como exemplo, peguemos o "transporte alternativo": o fato de ser legalizável não impede que seja dominado por criminosos, gerando extorsão, assassinatos e acidentes. O mesmo aconteceria com a maconha: com quem os usuários comprariam? Na farmácia, com receita e impostos, ou ali na esquina com o cara do "movimento"? Já imaginaram quantos assaltos às lojas e aos que transportassem a droga "legal"?

A realidade é simples: o usuário, a não ser o que tenha umas plantinhas no quintal para consumo próprio, põe grana na mão do bandido que vai ali na frente matar um inocente. É cúmplice dessa barbaridade toda. Por mim, deveria ser detido, multado dentro das suas possibilidades e encaminhado para tratamento compulsório.

Agora, é evidente que a PM patrulhando uma universidade desperte os "anticorpos" que muitos temos contra as arbitrariedades desta instituição e também dos períodos ditatoriais. Mas o campus da USP, como o da UFRJ na Ilha do Fundão, é uma área imensa, onde há registro de assaltos, estupros e homicídios há anos. Não há como proteger os estudantes, trabalhadores e demais transeuntes sem o apoio da força policial pública. Se a PM é despreparada, muito piores são as empresas de vigilância privada. As tensões naturais entre os membros da comunidade universitária e a polícia devem ser aliviadas com muita conversa e sem preconceito, o que é difícil, mas enfrentar desafios é o que se espera de pessoas de alto nível como a elite acadêmica de nosso país.

E é claro que o governo paulista não é flor que se cheire e tem certamente intenções subalternas com esse policiamento, mas outra vez afirmo que cabe à comunidade universitária vencer esse desafio e derrubar os muros que impedem o diálogo com os policiais. Errado é tratar a defesa de alunos que puxavam fumo na campus como uma bandeira contra a repressão. Quem diz que o maconheiro não incomoda fala besteira. Ele tá ali quieto, mas em algum lugar um traficante tá metendo bala em alguém por causa da grana que ele injetou no sistema.

Como petroleiro eu tive mais de uma experiência de situações tensas envolvendo a PM, sempre chamada para reprimir nossos movimentos reivindicatórios. Até ocupação do Exército tivemos. Mas muitas vezes conseguimos "quebrar o gelo" com os caras e estabelecer uma coexistência pacífica. É, às vezes não deu e a porrada estancou. Só que, num campus universitário, onde muitos daqueles militares gostariam de estudar, creio que existe uma grande oportunidade de aproximação - algo totalmente revolucionário!




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