segunda-feira, 3 de outubro de 2011

OPINIÃO DO BLOG

NUNCA O RACHA FOI TÃO GRANDE!


Amélia? Você conhece alguma que ganha U$ 45 MM por ano?


Tendo acompanhado e discutido via FB a recente polêmica envolvendo o comercial da Hope (aqui), com a Gisele Bünchen mostrando o modo "certo" e o "errado" de dar certas notícias ruins ao marido, vi que o principal objetivo da campanha foi atingido: tá todo mundo falando do comercial, o que certamente é ótimo para o anunciante.

Outra constatação é que o pessoal ainda não aprendeu a lidar com certas polêmicas: querer tirar o comercial do ar é exagero! Caramba, num país onde se permite comercial de bebida alcoólica (quase sempre com lindas mulheres, é claro!), medicamento e um monte de porcaria de qualidade mais que duvidosa, é um disparate fazer isso com a propaganda da Hope!

Agora, discutir os conceitos ali embutidos sim, acho válido e necessário. Mas, em se tratando de comerciais onde estão implícitas ideias preconceituosas com relação à mulher, a lista da "censura" teria que ser bem maior! Alguém já prestou atenção naquela peça horrorosa do "Veja Panos Umedecidos"? A mulherada fica eufórica por causa de um guardanapo molhadinho com produto de limpeza! Todo mundo grita "Uhuu!", como se isso fosse uma grande conquista! Sobre este comercial em particular (que integra a série "Neura", sem dúvida uma boa sacada) eu poderia enumerar as seguintes observações:

1. Prestando bem atenção (vídeo aqui) parece que todas as mulheres que aparecem no comercial são brancas ou morenas claras, nenhuma é obesa, têm idade entre 25 e 40 anos, ou seja, pertencem ao "universo" restrito de tipos sociais e femininos considerado "médio" ou "de interesse" pela agência criadora.
2. A casa, para variar, é de classe média, provavelmente quem vai ter grana pra comprar o produto. O chão é tão brilhante que qualquer coisa limparia!
3. Por que não aparecem homens? Homem deixa tudo sujo? Homem não limpa a casa?
4. Sem implicância, porque "uhu" e não "urrú"?

Então, esta e outras campanhas similares são tão ou mais preconceituosas que a da Hope. O papel da mulher é sempre o de dona de casa e mãe; o homem é um provedor; os filhos sujam tudo e nunca ajudam em nada! Bem, graças a Deus aqui em casa é bem diferente. Aliás, sou cercado de mulheres MUITO distintas desse perfil que os comerciais desse tipo adoram, e dou meu testemunho de que, além de não gostar desse estereótipo, elas não costumam se dar muito bem com aquele tipo de mulher. As mulheres nunca foram uma classe muito unida, mas acho que nunca o racha foi tão grande!

Mais sobre essa polêmica:
Carta Capital - http://www.cartacapital.com.br/sociedade/gisele-bundchen-e-o-sexismo
Escreva Lola Escreva - http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/10/o-maridao-bateu-meu-carro-de-novo.html
Náufrago da Utopia - http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2011/10/os-publicitarios-sao-filhos-de-goebbels.html
Cinema & Outras Artes - http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/2011/10/bundchen-e-o-comercial-machista.html




Um comentário:

  1. Mário,
    As vezes eu penso que existe um grupo de pessoas preocupadas em meter a pata em tudo e engessar as relações sociais tornando o mundo um lugar desinteressante e desestimulante.

    Penso que é gente que gostaria de ter controle sobre tudo e sobre todos e a única forma de fazer isso seria obrigando a todos a ficarem quietinhos... cabeça baixa na carteira como faziam as minhas professoras do Ensino Fundamental... é o que fazem, querem proibir livros de Monteiro Lobato por causa do Racismo, monitoram as conversas na internet à procura de vírgulas e deslizes das pessoas para rotular como sexismo, racismo, perseguição aos animais...

    O que se lê e se escuta de idiotice sobre o "politicamente correto way of life" me dá ânsia de vômito!

    É o caso dessa discussão...

    As vezes penso que é inveja da beleza da dona e da grana que ela ganha... mas me recuso a acreditar que isso pode ser possível nesse nível...

    O senso comum entende que a propaganda é feita para um público específico sim que deverá se identificar com a peça publicitária, mas não compreende que polêmicas à cerca das campanhas transformam as campanhas em campanhas melhores...

    Lembra do escândalo que foi a Benetton colocar uma foto de um padre e uma freira se beijando?

    Me admiro no dias de hoje alguém ainda se escandalizar com essas coisas...

    Como já disse o Jabor: Atualmente não é mais a arte que escandaliza a classe média, mas a classe média que escandaliza a arte!

    Choremos!

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