segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A BLACK MUSIC ESTÁ SALVA!



Há vários anos que eu temia pelo pior. A cada visita que fazia, o quadro parecia mais tétrico. Decadência total. Falo da chamada "black music", aquela da Motown & Cia. Com o envelhecimento ou morte dos ídolos de antanho, eu esperava pelos novos e... Caramba! Quando não eram os rappers com suas letras misóginas e ridículos clips tipo "carrão, ouro e bundas", vinham aquelas cantoras da linha "Dreamgirls" pensando que toda  música precisa de um agudo de quebrar taça, seguidas do estilo "soft bitch" de Rihanna, Beyoncé e outras. Uma lástima.

Aí a esperança veio de um lugar inesperado. Amy Winehouse, branca, inglesa e infelizmente predestinada a ser uma outra Billie Holiday, vivendo a metade do tempo desta - coisa destes tempos acelerados.

Joss Stone
Outra estrela surge, também inglesa e branca, voz que lembra Janis Joplin e, graças a Deus - ao que parece - com a cabeça no lugar: Joss Stone. Consigo o ingresso para o Rock in Rio no dia do seu show, onde teria a alegria de ver o Monstro da Soul Music - Stevie Wonder, e também o "Earth Wind and Fire" inglês - Jamiroquai.

Janelle Monáe

E sou surpreendido, não por Joss, maravilhosa, nem pelo Jamiroquai, demais, nem mesmo por Stevie, que deu um show ES-PE-TA-CU-LAR, mas pela incrível Janelle Monáe, 25 anos, que ARREBENTOU! Uma apresentação sensacional. Tudo de bom. Vendo na mesma noite a excelente performance de Stevie (que chamou Janelle para uma participação em seu show), seus grandes "discípulos" do outro lado do Atlântico e essa menina incrível, creio que posso respirar aliviado e dizer: a Black Music está salva!

P.S.: há alguns anos a nossa principal black music, o samba, parecia sofrer do mesmo mal, com a insuportável onda de pagodeiros. Mas a "Geração Lapa" mostrou que havia coisa boa surgindo.




2 comentários:

  1. Legal o post.
    Aprecio muito (MUITO MESMO) a voz de Joss Stone.
    E curti a música de Janelle também.
    Mas só um adendo.
    Ainda que não seja a partir do Gospel que artistas façam muito sucesso, obviamente essa música não pode ser desprezada ao se avaliar Black Music. Na década de 90 sempre houve grandes artistas de black gospel (essencialmente nos States, claro!).
    Aliás, o Brasil carece de boas bandas de Black music no meio secular. Mas há bons corais e grupos de Black Gospel por aqui, outras bandas razoáveis, outras nem tanto...
    Outra, entendo que o pagode romântico comercial que teve início no final dos anos 80 e começo dos anos 90 seja recheado de clichês, letras fracas, e por aí vai...
    Mas também não se pode generalizar a ponto de desprezar todos os cantores (ainda que não haja um super intérprete nesse estilo musical), e não se pode desprezar principalmente os bons instrumentistas que vivem desse estilo.
    Atrevo-me a não apenas compará-los, mas também a considerar alguns instrumentistas pagodeiros como musicalmente mais criativos e tecnicamente mais preparados que muitos da "Geração Lapa", por exemplo.
    Manjo mais de groove (batera+baixo) e pianos, mas diga-se de passagem que há bons guitas e sopros nesse meio. :)

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  2. Valeu pelo post! Continue!

    Reconheço a importância do black gospel no cenário, mas de fato não tive acesso nos últimos tempos a grande revelações nesse segmento. Imaginei que os melhores acabariam aparecendo no mainstream, como aconteceu com diversos ídolos do passado.

    Agora, se há (não nego a possibilidade) pagodeiros mais talentosos do que muitos artistas da geração Lapa, só tenho a lamentar o desperdício de talentos...

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