sábado, 11 de junho de 2011

Fora da Educação não há Salvação

Amanda Gurgel
Marilda Campos


Darcy Ribeiro

O Tijolaço repercutiu texto da professora Marilda Campos onde esta, ao comentar a emocionante manifestação da professora potiguar Amanda Gurgel, já consagrada no You Tube, faz um reparo ao seu (brilhante) discurso defendendo o legado do Programa Especial de Educação conduzido por Darcy Ribeiro nos dois governos de Leonel Brizola no RJ.

Marilda ressalta que, sem dúvida, a Educação foi prioridade absoluta naquelas administrações, e chama a atenção (o que também pode ser visto nos comentários postados no Tijolaço) para a enorme reação contrária que aquele programa gerou. Escrevi sobre isso quando Brizola desencarnou e republicarei o texto no próximo dia 21, quando completam-se sete anos de sua morte. Foi uma gigantesca sabotagem vinda de inúmeros setores. Começava pela elite apavorada com a possibilidade dos "negrinhos" terem oportunidades na vida e disputarem espaço com seus filhinhos queridos. Passava por grupos de professores acomodados com funções administrativas que não queriam regressar às salas de aula nem passar por cursos de aperfeiçoamento. Prosseguiu com a esquerda sectária que considerava o projeto assistencialista e demagógico. Tudo sob a batuta do então "dono do Brasil", o empresário Roberto Marinho.

Ainda não entendo porque Brizola despertava paixões tão exacerbadas, a seu favor e contrárias. Recentemente conversava com colegas de trabalho no almoço e um deles começou a dizer que no seu governo os professores foram perseguidos e prejudicados. De nada adiantou eu dizer que minha mãe é professora e que, por meio dela, eu acompanhei de perto todo o desenrolar dessa história, pois ela tinha uma matrícula no Município do Rio e outra no Estado. O cara estava com aquela ideia petrificada em sua mente.

Para combater Brizola atacaram tudo o que ele fazia. O resultado está aí. Marilda falou certo. Um verdadeiro crime de lesa-humanidade. Milhares ou milhões de vidas perdidas ou irremediavelmente sequeladas. Havia erros no programa? Claro que sim, e daí? Era só pensar primeiro nas crianças. Mas não estavam nem aí para elas.

O mais importante do protesto da professora Amanda é ver que existem pessoas capazes de se indignar com o absurdo que ainda vemos ser feito com a Educação. Avançamos, mas a passo de tartaruga manca. Até quando? Que São Darcy Ribeiro, São Paulo Freire e Santo Anísio Teixeira nos iluminem.

Um comentário:

  1. Obrigada, Mário, mas quem viveu ou testemunhou aquelas realizações não pode se omitir. Foi um momento histórico. Amanda é ainda muito jovem e era uma criança quando os Cieps foram destruídos. Na época não havia essa maravilha que é a internet para difundir a informação.
    De qualquer maneira fazer justiça à memória de Leonel Brizola é um dever sempre muito prazeroso.
    Um grande abraço.

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