quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SOBRE AS COTAS


Sobre cotas já falei antes e muitos falaram e falarão. O motivo deste texto é a recente polêmica envolvendo a nota de corte para o ingresso no curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) através do Sistema de Seleção Unificada (SISU), que utiliza as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

A nota de corte estabelecida supera a nota máxima possível no ENEM. Portanto, somente candidatos beneficiados por alguma ação afirmativa poderiam ingressar neste curso por este processo. Isso parece uma tremenda injustiça.

Será? Vejamos.

Neste ano o SISU preencherá somente 20% das vagas de Medicina da UFF. As demais serão pelo Vestibular, onde os alunos das escolas privadas e federais poderão buscar suas oportunidades. No próximo ano o SISU responderá por 100% das vagas, e neste caso a nota de corte não poderá ser a aplicada neste ano, sob pena de eliminar estudantes dos quais a Universidade necessita e que merecem o ingresso.

Dentre os detratores do ENEM e do SISU vemos bobagens como esta, onde o autor mistura o desempenho dos cotistas antes do ingresso na Universidade com o deles durante e após o curso. Ignorância, deslize ou maldade?

Mas também veremos histórias felizes, onde estudantes mais humildes e dignos de apoio foram beneficiados pelo mesmo sistema.

Quem realmente se dá mal?

O aluno da escola privada mediana. Quem (falo de escolas do Rio de Janeiro) estuda em instituições privadas como o São Bento e o Cruzeiro, em públicas como o CEFET e o IFRJ ou militares como o Naval e o CM, todos "excluídos" das ações afirmativas, tem nas próprias mãos as chances de conquistar uma boa colocação. Os melhores das públicas "comuns", com o "nitro" das cotas, se juntam aos anteriores. Quem, contudo, vem das milhares de escolas privadas de "segundo escalão", aqueles cujos pais ganham pouco mas, com grande sacrifício, conseguem pagar uns R$ 500,00 de mensalidade, sem contar o roubo dos caríssimos livros didáticos (quem me explicar como pode um livro de Matemática do 9º ano, descartável, custar mais que um de Cálculo - que pode ser usado por 20 anos ou mais - ganha uma mariola deste blogueiro) e as tais "taxas de material".


Esses estão solenemente, com o perdão da palavra, fudidos. Se a intenção é forçar o ingresso nas públicas, pode até funcionar. Mas minha mãe, em 1974, me tirou da pública para uma privada "mais ou menos" para que eu tivesse condições mínimas de estudo. O colégio onde estudei da 3ª à 8ª séries não era (não é, ainda funciona) nada demais. Mas tive ali um ambiente melhor, salas e banheiros limpos, alguma (não muita) disciplina - enquanto meus amigos que continuaram na "EP" só me relatavam bagunça, decadência... Sei que nem todas eram nem são assim, inclusive uma em que estudei, a Nicarágua, em Realengo (não fiquei nela porque mudamos de bairro), mas em regra o que se via eram salas depredadas, falta de professores, água, energia e até esperança.

O blogueiro não tem agora uma resposta para esta situação, mas pensa que esse povo precisa ser considerado nas seleções futuras, pois a rede pública simplesmente não tem capacidade para absorver um eventual êxodo do setor privado.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

LIVRAR O BRASIL DO PMDB

Na minha opinião a tese apresentada em Carta Capital tem como ponto mais fraco o conceito de um acordo de cúpula. Para defenestrar o PMDB do poder é preciso enfrentar sua maior força, que é a capilaridade: elegeu 1203 prefeitos em 2008, praticamente a soma de PT e PSDB.

É claro que parte dessa penetração tem vínculo com instâncias superiores, principalmente governos estaduais e senadores, dentre estes o pilantra-mor acadêmico bigodudo. Mas o câncer do clientelismo/coronelismo políticos se alimenta das pequenas safadezas diárias que têm como principais agentes o "baixo clero" que atua no âmbito municipal. Para matar de fome o tumor deve-se cortar os vasos sanguíneos que o sustentam. E isso passa fundamentalmente pela educação política da população. Afinal, como bons fisiológicos, os PMDBistas "desamparados" migrariam rapidamente para o novo "sócio" do poder, seja o PSD ou qualquer outra sigla.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

VOTEM NO PARTIDO DA ÉTICA!

Agora há pouco compartilhei no FB um vídeo onde a deputada carioca (e também uma famosa radialista) Cidinha Campos protesta indignada com a cara de pau de um notório corrupto de se candidatar a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

Sabe de quem é a culpa de canalhas como esses estarem onde estão?

NOSSA!

Não é suficiente você votar. Deve votar bem. Não é suficiente votar bem. Você deve apoiar o bom político na sua luta. Não é suficiente apoiar. Você deve fiscalizar. A Democracia exige muito mais do que apenas um ato protocolar a cada dois anos. Neste ano já tivemos um plebiscito no PA e teremos eleições municipais em todo o país. Em hipótese alguma vote num FDP. Se não conhecer nenhum candidato confiável (eles e elas existem, acredite!) anule o voto. Ajude a denunciar os FDPs para que incautos não votem neles. E seja honesto(a) em todos os seus atos. A corrupção se alimenta de cada pequena safadeza diária.

Não estamos numa democracia ideal, mas o tempo da ditadura passou e hoje quem coloca ou tira essa corja dos plenários somos nós, cidadãos.

Há pilantras em praticamente todos os partidos. Portanto, selecione muito bem em quem vai votar. Certamente você encontrará, dentro de sua preferência ideológica, alguém que mereça seu voto.






segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SEXTA ECONOMIA DO MUNDO!

Isso não é motivo para pensarmos, arrogantemente, que está tudo uma maravilha ou mesmo que aqui se vive melhor do que no Reino Unido, porque nada disso é verdade. Existe um longo caminho pela frente e parte dessa "ultrapassagem" se deve à crise que atinge o Velho Mundo. Mas que é gostoso ver o Brasil trilhando o seu caminho natural de desenvolvimento, após tantos anos brecado pelo ciclo de inflação-recessão-neoliberalismo, ah, isso é.

Leia aqui a notícia publicada (sem muito destaque, é óbvio) no G1. Na mesma, existe um pequeno erro de ordem de grandeza. O nosso PIB deve atingir U$ 2,4 trilhões, e não bilhões como publicado pela Globo. Um pequeno lapso, é claro. Aqui você pode ler o número correto.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MEIO AMBIENTE SE PRESERVA COM INTELIGÊNCIA

Notícia interessante do portal Inovação Tecnológica:

Grandes navios voltam no tempo para ficarem mais verdes: Para consumir menos combustível e poluir menos, os gigantescos navios de carga poderão ficar mais parecidos com seus antepassados.

Um conto de Natal

Dos muitos que recebi, selecionei este para vocês, mais uma pérola publicada no Tijolaço:

João Getúlio

Um conto de Natal

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SÓCRATES: O LEGADO QUE (AINDA) NÃO FICOU


Sócrates, Brasileiro muito mais do que no nome, até os últimos dias de sua vida lutou pelas causas em que acreditava (veja aqui sua última coluna na revista Carta Capital). Na sua maioria, foram lutas inglórias. A Democracia Corintiana é apenas uma recordação romântica. Não se consolidou no clube em que surgiu e não se propagou para qualquer outro. A consciência política e social dos jogadores de futebol continua uma lástima, apesar de haver aqui e ali algumas boas iniciativas (uma delas, a Fundação Gol de Letra, tem como um de seus fundadores o também ex-jogador Raí, irmão do Doutor).

Coração de Brasileiro
 Como Darcy Ribeiro, perdeu a maioria de suas lutas, mas teria vergonha de estar ao lado dos que o venceram. Como Raul Seixas, pareceu nunca se ajustar bem a esse nosso mundo estranho e acabou sucumbindo às consequências da terrível doença do alcoolismo.

Haverá um legado do Doutor? Para este blog, sim e não. As palavras e atitudes do Magrão estão na História e poderão servir de exemplo à geração atual e às futuras. Porém, hoje o panorama está muito distante daquele que o craque almejava. O futebol sempre teve mazelas e talvez nunca tenhamos tido tanta consciência delas. O país avançou bem mais do que o futebol, mas ainda carrega marcas terríveis de violência e desigualdade.

Uma grande homenagem a Sócrates será tornar o mundo do futebol mais limpo e uma oportunidade está aí, com as mobilizações populares em torno da Copa e das Olimpíadas. Um bom começo se deu, curiosamente, no mesmo dia de sua morte: o terrivelmente longevo João Havelange renuncia ao COI em meio a denúncias de recebimento de propinas.