terça-feira, 1 de março de 2011

A FÚRIA DE DIONÍSIO - PARTE II

Na mensagem anterior eu falei do samba "Plataforma", de Bosco e Aldir. Um ano depois do disco "Tiro de Misericórdia", dessa dupla, chagava às lojas o antológico "De Pé no Chão", da rainha Beth Carvalho. Por causa do estrondoso sucesso de "Vou Festejar", poucos se lembram da composição de Pintado & Neném "Visual", que começava assim: "Depois que o visual virou quesito/Na concepção desses sambeiros/O samba perdeu a sua pujança/Ao curvar-se à circunstância/Imposta pelo dinheiro...".

 Ora, por mais que sejam espetaculares as alegorias, carros alegóricos e até comissões de frente apresentadas nos desfiles das escolas de samba, ficou claro que esse espetáculo se transformou numa coisa sofisticada, embora de inspiração popular. É uma grande ópera a céu aberto.  E isso sai caro, o que levou as escolas a buscar patrocínios. Uma sombra, contudo, ainda não desapareceu. Os bandidos fantasiados de "patronos", "presidentes de honra", e outros títulos eufemísticos permanecem controlando o evento, e ainda não houve político capaz de peitá-los. Grande parte da mídia os paparica, da polícia os protege e do povão os admira. Parafraseando o ótimo narrador esportivo Milton Leite: "Que beleza!". Talvez fosse uma boa ideia uma UPP na Apoteose, que passasse o rodo nesses pilantras. Como diz outro samba, "Sonhar não custa nada..."

Espero ainda ver um Carnaval sem essas "contaminações". Enquanto isso não acontece, vou para a rua, onde verdadeiros foliões fazem a festa que o Povo - e Dionísio - gostam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário