terça-feira, 1 de março de 2011

A FÚRIA DE DIONÍSIO - PARTE I

Dionísio deve estar pê da vida. Enquanto no Rio alegorias das escolas de samba arderam em chamas, em São Paulo viraram mingau. Trios elétricos, por sua vez, se transformaram em passaportes para o além. Serão sinais de que o Deus da Alegria está de saco cheio de ver o que andam fazendo com a sua maior festa? 

Vou falar primeiro dos trios elétricos. Há muito tempo a criação de Dodô e Osmar se transformou em indústria. Estabelecida em Salvador, logo saturou a capital baiana e desde então começou a se expandir, tendo como um dos seus alvos o Rio de Janeiro. Só esqueceram que, com todo o respeito, isso aqui no Rio é tão natural quanto flor de plástico. O carioca não quer saber de pagar para sair num bloco, quer se vestir (ou despir) como bem entender e acha uma tremenda folga alguém vender um espaço num lugar que é público. Já em 1977 João Bosco e Aldir Blanc lançavam o samba "Plataforma", que criticava a ideia de cercar e disciplinar os blocos de carnaval. O que na época poderia soar como mais um gesto de resistência aos controles da ditadura, hoje poderia ser entoado contra as tentativas, sempre fracassadas porém insistentes, de "baianizar" o carnaval carioca, plantando nas nossas ruas aqueles caminhões infernais, que nada têm a ver com a "forbica" do trio original.

Agora tivemos uma tragédia no Rio e outra bem maior numa cidade do sul de Minas. Uma coisa deve ficar bem clara: onde quer que funcionem, trios elétricos só podem ser autorizados em locais com bastante espaço e sem rede elétrica aérea. Só podem permitir que pessoas subam neles se houver segurança para tal. E aqui no Rio, só se for de graça.

No próximo texto eu concluo.

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